O principal fator por trás da alta foi o açúcar, cujo indicador saltou 14% na comparação mensal, para 359 pontos. As cotações do produto se distanciaram das mínimas observadas em maio com preocupações de que o envelhecimento dos canaviais e um clima adverso no Brasil podem reduzir a produção abaixo do nível do ano passado.
Nesta semana, a trading britânica Czarnikow baixou a projeção da safra brasileira para 535 milhões de toneladas, queda de 40 milhões de toneladas frente à previsão inicial, juntando-se a um grupo de outros analistas que diminuiu as expectativas para colheita deste ano.
Os preços dos cereais, contudo, recuaram ligeiramente em junho, à medida que um clima melhor aliviou temores sobre o tamanho da produção na Europa e nos Estados Unidos e a Rússia retomou os embarques após uma proibição que durou vários meses. O índice de cereais da FAO tocou 259 pontos, queda de 1% ante maio, mas ainda 71% acima do patamar registrado em junho de 2010.
Os grãos desabaram no fim do mês passado, depois que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou números surpreendentes da área plantada e dos estoques trimestrais do país, ampliando a estimativa da oferta doméstica de milho.
Análise
Abdolreza Abbassian, secretário do Grupo Intergovernamental de Grãos da FAO, disse que o recuo das cotações pode persistir nos próximos meses.
? Não me surpreenderia ver os preços caírem em julho, considerando as tendências das últimas semanas. Os números que temos agora para os cereais estão muito perto da nossa projeção anterior ? de acordo com Abassian.
A organização elevou em 11 milhões de toneladas a estimativa da produção mundial de cereais em 2011/2012, para 2,313 bilhões de toneladas, volume 3,3% maior frente ao colhido em 2010/2011. Os estoques finais globais devem superar em seis milhões de toneladas a quantia apurada no início da temporada 2011/2012.
Os preços do açúcar também devem cair nos próximos meses. Ainda se prevê um grande superávit de oferta neste ano, mesmo que haja uma redução da safra brasileira, e a chegada da colheita no Hemisfério Norte nos meses a seguir deve expandir a oferta mundial.
Contudo, Abbassian alertou que qualquer declínio nos preços globais dos alimentos deve ser apenas marginal, e as cotações parecem propensas a permanecer em níveis historicamente elevados – e voláteis – em 2012. Os mercados de grãos também devem continuar nervosos até que se saiba mais sobre a produtividade do milho, segundo o secretário.
? Num futuro próximo, ainda seremos vulneráveis a choques climáticos afetando os preços mais do que de costume porque não tivemos excedentes ? disse.
O indicador de produtos lácteos da FAO atingiu 232 pontos em junho, praticamente inalterado ante 231 pontos em maio. O índice de carnes beirou 180 pontos, pouco acima na comparação com o mês anterior. O de aves aumentou 3% e alcançou um novo recorde, enquanto o de suínos teve queda.