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Agricultor argentino deve reduzir área de milho e investir em soja

Preços baixos para o grão, alta dos custos, elevada carga tributária e intervenção oficial no mercado são fatores que influenciam a decisãoPrestes a iniciar o plantio da safra 2013/2014, agricultores argentinos devem reduzir a área semeada com milho e investir em soja, produto de maior liquidez. Levantamentos realizados pelas bolsas de cereais de Buenos Aires e de Rosario apontam, respectivamente, para um recuo de 3% e 10% nas lavouras do milho. Por trás da decisão, estão os preços mais baixos para o grão, com a colheita de quase 350 milhões de toneladas de milho nos Estados Unidos, perspectiva que também desestimulará o plantio no

– A realidade da Argentina é diferente da de outros países porque há muitas incertezas e distorções como as diferentes cotações do câmbio – disse o diretor executivo da Maizar, Martín Fraguío, cuja entidade reúne a cadeia produtiva do milho. Além dos preços baixos, o país convive com a alta dos custos e elevada carga tributária ocasionada pelas “retenciones”, impostos cobrados sobre as exportações, de 20%.
 
Fraguío afirmou que os custos são pautados pela cotação do dólar paralelo, enquanto a comercialização da colheita, pelo dólar oficial, é cerca de 70% inferior.

– Isso gera muita preocupação – disse.

O cenário negativo também apresenta expectativa de que o governo possa baixar a alíquota das retenções para estimular o plantio. Em 2009, após uma forte estiagem que provocou prejuízos ao setor agropecuário e de um revés nas eleições parlamentares, a presidente Cristina Kirchner baixou a alíquota sobre as exportações de milho, de 25% para 20%.
 
Em 2013, não está descartado novo revés eleitoral, desta vez nas eleições parlamentares de outubro, e um clima adverso entre os produtores. Em 2012, os argentinos reduziram, significativamente, a lavoura de trigo, a ponto de faltar cereal no mercado interno no primeiro semestre. Os produtores de leite têm diminuído a produção, assim como os pecuaristas, o abate.

– Entendemos que o momento é ótimo para baixar as retenções sobre o milho porque, se a produção cair, o impacto na economia será muito maior do que está sendo com a queda do trigo – opinou. 
 
Licenças

Para o setor, o governo poderia reduzir as retenções para 15% e liberar licenças para exportação.

– O milho precisa ser liberado urgentemente das licenças de importação e das retenções – afirmou o empresário Gustavo Grobocopatel, da empresa Los Grobo, uma das gigantes argentinas.
 
O primeiro plantio do milho ocorre entre setembro a outubro e o segundo, chamado de safra tardia, é realizado em dezembro. Essa segunda implantação responde por cerca de 40% da área cultivada com o cereal. Na safra anterior, esse porcentual representava 35% e, em 2010/2011, apenas 10%.

– Este salto foi possível graças ao uso de tecnologia que possibilita altos rendimentos – observou Fraguío.

O milho é o segundo maior cultivo da Argentina, depois da soja. A cotação do cereal n sexta, dia 23, era de US$ 171 a tonelada, enquanto para maio de 2014 a indicação chegava a US$ 160 a tonelada, considerando a produção norte-americana. A bolsa de Buenos Aires estimou a área de milho em 3,460 milhões de hectares.
 
Rendimento

Estudo da Associação de Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola (Acrea) revelou que, por todos os problemas mencionados anteriormente, “o milho só é competitivo em 25% da superfície plantada, principalmente nas zonas próximas aos portos ou indústrias”. No resto do país, “a equação apresenta resultados que não cobrem os custos de produção e de aluguel dos campos”. Em um campo de Rosario, por exemplo, com aluguel de US$ 280 o hectare, o produtor teria de obter um rendimento de 9.500 quilos/ha ou acima deste volume para ter lucro.

Ao contrário do Brasil, onde a soja avança firme sobre a área do milho, na Argentina a substituição acontece, mas em menor intensidade. O produtor Néstor Roulet, que foi vice-presidente de Confederações Rurais Argentinas (CRA), divulgou um estudo segundo o qual agricultor com terras próprias e rendimento médio de 2.550 quilos de soja por hectare perde US$ 20,62 por hectare devido aos elevados custos e impostos. Já em terras alugadas, o saldo negativo seria de US$ 132,41/ha.

– O setor está deixando de ser rentável e isso se reflete nas áreas de cultivo que não aumentam como deveriam aumentar – afirmou Roulet.

Pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos Econômicos e Negociações Internacionais da Sociedade Rural Argentina (SRA) mostrou que os números são negativos para os produtores de trigo, cuja safra se encontra em andamento, de milho e soja.

– Considerando custos de estrutura, mesmo para as áreas altamente produtivas, como no norte da província de Buenos Aires, verificamos margens negativas de US$ 173/ha no caso do trigo, se o rendimento for de 3.500 quilos/ha; US$ 23/ha para a soja com rendimentos de 2.800 quilos/ha; e US$ 23/ha para o milho com rendimento de 7.500 quilos/ha – destaca o estudo.

Independentemente das dificuldades, a área que o milho perder será ocupada pela soja.

– Mesmo com a soja chegando perto dos US$ 300/t ainda é mais vantajoso para o produtor do que produzir milho a US$ 160/t – comentou o analista de grão, Javier Buján. As bolsas ainda não divulgaram estimativa para a safra da oleaginosa na Argentina.

O presidente SRA , Luis Miguel Etchevehere, disse que o governo comemora 100 milhões de toneladas de grãos produzidos na última colheita, mas não reconhece que suas políticas equivocadas impedem os produtores de investir tudo que podem e de chegar a uma produção de US$ 120 milhões de toneladas de um ano para o outro.

Agência Estado
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