Agricultor do Rio Grande do Sul pessimista com a safra de soja

Estado sofreu com a chuva no início e, depois, com a estiagem no desenvolvimento, o que derrubou a produtividade esperada

Bruna Essig | Camaquã (RS)

A safra de soja no Rio Grande do Sul está na reta final. O calendário é diferente de outros grandes estados produtores, como Paraná e Mato Grosso, e o plantio começa um mês depois, a partir da segunda quinzena de outubro. Por enquanto, apenas 1% da área estimada foi colhida. Mesmo assim, os agricultores já avaliam esta safra como pior que o esperado.

No município de Camaquã, no sudeste do Rio Grande do Sul, o plantio começou atraso e foi concluído apenas na primeira semana de janeiro. Tudo por causa do clima. Neste caso, o excesso de chuva.

– O maior percalço na nossa região foi realmente a chuva. Nós começamos a plantar dia 5 de dezembro. Na nossa lavoura chegou a chover 270 milimetros – afirma a produtora Betânia Longaray Fonseca.

A partir de janeiro, a chuva deu lugar ao sol. Foram 20 dias sem cair uma gota de água na região, o que também não ajudou em nada no desenvolvimento das plantas.

– A seca que deu em janeiro foi prejudicial, tanto para a lavoura, que já estava estabelecida, quanto para a lavoura recém-plantada. Tinha área que já estavam em floração, nesta área pode haver uma perda de até 20% em virtude da seca – explica o engenheiro agrônomo Frederico Bartz Menezes.

– A gente espera colher ainda 50 sacas por hectare. Não é um número excelente, gostaríamos de colher bem mais, mas, dado todos os problemas climáticos, a gente acredita que ainda é um número bom. Já fizemos alguns contratos futuros, vamos fazer uma média de R$ 80,00 por saca. O que observamos é que se a gente colher 40 sacas por hectare e vender a R$ 80,00, nós vamos somente empatar – projeta Betânia.

A produtora pode acabar sem lucro porque o custo da lavoura aumentou muito de um ano para o outro. Ela acredita que o ideal seria colher 30% a mais nesta safra para repor o aumento dos insumos.

– [O aumento dos] Fertilizantes em torno de 34%, defensivos em torno de 25%. A gente também não pode tirar o olho do óleo diesel, que subiu em torno de 20% – lembra Betânia Longaray Fonseca.

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