Agricultores argentinos aceleram trabalhos para aproveitar El Niño

Fenômeno beneficia produtores por esquentar águas do Oceano Pacífico ocasionando chuvas abundantesO agricultores argentinos estão tentando descobrir o que podem fazer para melhorar a safra 2012/2013, em meio à expectativa de que o El Niño vai encharcar os Pampas durante os principais períodos de crescimento das plantas. O fenômeno climático beneficia os agricultores argentinos por esquentar as águas equatoriais do Oceano Pacífico, o que geralmente ocasiona chuvas abundantes por Argentina, Uruguai, Paraguai e no Sul do Brasil.

Produtores do sul da América do Sul vêm de um período de seca causado pela La Niña, que provoca o efeito oposto, que é o esfriamento das águas do Oceano Pacífico e limpa os céus. A seca provocada pela La Niña atingiu especialmente as plantações de milho nesta safra.

Se a chuva esperada ocorrer, os preços dos grãos continuarão altos e a área plantada vai aumentar em 2012/2013, afirma o analista de colheita da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, Maximiliano Zabala.

– A próxima safra pode ser muito boa – acrescenta o vice-presidente da corretora Panagricola, Ricardo Baccarin.

No entanto, a maioria do lucro virá da soja em grão, já que o governo controla rigidamente as exportações de milho e trigo para garantir estoques domésticos baratos. As medidas forçam os agricultores a vender os dois grãos para moedores e exportadores com alto desconto.

Por outro lado, os embarques de soja em grão não são regulados, já que a demanda doméstica é virtualmente inexistente. Isso dá um grande incentivo para plantar mais áreas com a oleaginosa.

Outra provável consequência é a mudança de cultivo do trigo para outras culturas de inverno, como a cevada e o sorgo na safra 2012/2013, segundo analistas.

A Argentina é um dos maiores exportadores mundiais de grãos, oleaginosas e produtos relacionados, além de o segundo maior exportador de milho, terceiro de soja em grão e primeiro em farelo e óleo de soja. Também é grande exportador de trigo, cuja maioria é comprada pelo Brasil.

As exportações agrícolas são a maior razão da valorização da moeda argentina. Os grãos são fortemente taxados nos embarques – até 35% no caso de soja em grão. Portanto, uma colheita volumosa significa uma receita volumosa para o governo.