Agricultores argentinos dizem que ajuda do governo não basta

Líder declara que fundo anunciado serve apenas para manchetes de jornaisDirigentes rurais da Argentina disseram que o pacote de ajuda econômica anunciado nessa quinta, dia 9, pelo governo não resolve os problemas do setor nem contempla as exigências que fez o campo em sua última paralisação.

O governo insistiu em dizer que a porta da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação está aberta para diálogo.

? É uma resposta parcial a um problema maior ? disse Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária Argentina, uma das quatro principais associações de produtores agrícolas do país.

Em declarações à rádio Continental, de Buenos Aires, Buzzi disse que o campo “pode ser uma das bases para sustentar a economia argentina” na crise financeira global.

O governo argentino destinou um fundo de 230 milhões de pesos (US$ 70,9 milhões) aos produtores afetados pelas piores secas do último século.

No entanto, o ministro não falou dos impostos às exportações de grãos, que detonaram um confronto de quatro meses entre o governo e o campo neste ano, depois que dirigentes rurais reivindicaram “descê-los a zero” para o caso dos pequenos produtores.

Nesse sentido, Buzzi sustentou nesta sexta, dia 10, que as reivindicações do campo passam por melhorar “as condições para a agricultura, a pecuária e a produção de leite”.

Ricardo Buryaile, vice-presidente das Confederações Rurais Argentinas, opinou que os anúncios do governo “são apenas para manchetes de jornais”.

Seu colega da Federação Agrária Argentina, Ulises Forte, disse, por sua vez, que o plano oficial é “caridade”.

Os anúncios do governo eram esperados com expectativa pelos dirigentes rurais, que na última quarta, dia 8, encerraram sua quinta manifestação neste ano contra a política agropecuária oficial.

O protesto, de seis dias de duração, consistiu em não enviar cereais às indústrias e aos exportadores, e limitar o gado bovino aos mercados. Mas o ato não teve apoio popular e sofreu críticas por coincidir com a crise financeira mundial.

A paralisação marcou o retorno aos protestos agropecuários após o relaxamento do conflito conseguido em julho, depois que o Parlamento rejeitou o esquema de impostos móveis às exportações de grãos que detonou a briga com o Executivo em março.

Os produtores asseguram que sua situação é pior do que em relação a março pelo aumento de custos, a diminuição dos preços internacionais dos grãos e a seca.