Variedade apresentou grande crescimento em relação ao ano passado, mas ainda assim a soja transgênica lidera a presença nas lavouras do estado
A área cultivada de soja convencional em Mato Grosso é superior a do ano passado. Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que a área plantada deve alcançar 1,3 milhão de hectares. Na última safra, este número não chegava a um milhão de hectares. O motivo da escolha é que a comercialização deste tipo de grão vive um bom momento, além da boa produtividade que o material tem apresentado no campo.
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O engenheiro agrônomo Júlio Cezar Ferraz é o responsável pela gestão de quase 20 mil hectares em Tapurah. O especialista afirma que ano após ano a soja convencional vem ganhando espaço nas lavouras do principal estado produtor do país.
– Tivemos área com a soja RR2 que produziram próximo de 60 sacas por hectares. Com a convencional, nós chegamos próximos a 68 sacas por hectare. Tivemos até 72 sacas por hectare. Além de tudo, tem materiais que permitem um ciclo mais curto, que vai facilitar a entrada da safrinha. É um produto que tem resistência maior a nematoides, sem falar no prêmio maior na hora da comercialização, de 8% a 10% a mais – explica Ferraz.
Quando o assunto é resistência contra lagartas, o agrônomo reconhece que as variedades transgênicas levam a melhor. Quem opte pelo grão convencional precisa redobrar a atenção no manejo.
– Realmente existe essa preocupação do produtor porque eles precisam acompanhar de perto e ter uma boa assistência técnica também. Tem que ser diário porque as pragas não dão mole, estão aí para tirar o sono do agricultor – afirma.
Transgênicas lideram
Apesar da procura maior nesta safra pela soja convencional, a preferência da maior parte dos agricultores do estado é ainda pelas variedades transgênicas. Mais de 85% dos 9 milhões de hectares de soja do estado devem utilizar a tecnologia RR1 ou RR2. A soja RR1 deve ter a mesma área plantada do último ano. Já a adoção da soja RR2, a Intacta, deve crescer. No país, mais de 90 mil agricultores apostaram na tecnologia.
O produtor Rodrigo Nagel Reffati é um dos que vão apostar na tecnologia Intacta. Na safra passada, ele cultivo 400 hectares. Satisfeito com os resultados da lavoura, este ano ele resolveu aumentar a área plantada para 700 hectares.
– Um manejo mais simplificado dá um pouco mais de alívio enquanto a tecnologia está aguentando bem a pressão de lagarta. O que mais nos chamou a atenção foi a capacidade produtiva do material. A tecnologia traz produtividade, tem um custo a mais, mas ainda vale a pena – relata o agricultor.
– Isto mostra que não há tecnologia definitiva e nem variedade definitiva. Hoje, o produtor tem a chance de encontrar a variedade que lhe serve tecnicamente e economicamente. Isto é muito importante. Há uma gama de variedades muito grande e o agricultor pode buscar alternativas que se adaptam a sua situação – orienta o consultor técnico do Projeto Soja Brasil, Áureo Lantmann.
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