Atraso é considerado histórico pelos produtores do Distrito Federal, vão iniciar a semeadura sem a certeza de que terão os financiamentos do Plano Safra
Marcelo Lara | Brasília (DF)
Os produtores de soja do Distrito Federal vão atrasar o plantio de soja. O motivo é que a maior parte dos recursos para custeio ainda não foi liberada. Se o crédito sair muito tarde, os agricultores vão pagar ainda mais caro pelos insumos, prejudicando a rentabilidade.
O cronograma dos sojicultores já está pronto, o solo está esperando somente as chuvas. A expectativa é plantar na segunda quinzena de outubro, mas este cronograma depende da chegada dos recursos do Plano Safra. Esse atraso tão grande é considerado histórico pelos produtores do Distrito Federal.
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Os agricultores vão iniciar uma safra sem a certeza da liberação dos recursos. Além da dificuldade em planejar os custos da lavoura, sem saber quanto do financiamento a juros controlados sairá, o plantio vai atrasar, o que afeta o calendário dos agricultores que trabalham na segunda safra.
Derci Cenci conseguiu negociar os insumos em julho. Parte deles será paga com sacas de soja na cooperativa, o restante depende dos recursos de custeio. O agricultor enviou os projetos aos bancos para conseguir R$ 300 mil a juros de 8,75% e outros R$ 300 mil a juros livres, que podem passar de 16%. Só que, até agora, ele não teve resposta.
– Os bancos estão dificultando a liberação do recurso, e esta dificuldade nos traz uma preocupação porque nos outros anos a gente encaminhava o projeto e era certo que o dinheiro iria para a conta. Agora, nós não temos mais esta certeza. Acho que o dinheiro sumiu ou estão mais preocupados em liberar recursos – lamenta o produtor rural.
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Mais da metade dos associados da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federa l (Coopa-DF) não conseguiram o crédito oficial.
– Tem produtores que estão pensando em arrendar suas áreas porque não tiveram acesso ao crédito neste momento. Se esse crédito sair muito tarde, vão comprar os insumos mais caro. Nesse caso é vantagem arrendar para um produtor que tem um capital, pois assim ele tem certeza que vai receber algo – explica o diretor-técnico da cooperativa, Cláudio Malinski.
Para a analista de mercado da Tendências Consultoria Amaryllis Romano, por mais que o governo e as instituições financeiras mostrem que há mais volume de recursos para esta safra, os comparativos provam que a liberação desses financiamentos é menor em relação a 2014.
– Se pegar a liberação de crédito rural de janeiro a agosto, ela cai em qualquer comparação, tanto para pessoa física como para pessoa jurídica. Aqueles valores que você já desconta a inflação em relação aos outros oito meses de 2014, você pega de junho a agosto, você estaria pegando um recurso mais direcionado para esta safra. Depende das comparações que você faz, mas, em qualquer uma delas, há queda – afirma.
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