? A gente não podia fazer outra coisa porque não tínhamos a tecnologia e ninguém entendia como administrar outro tipo de negócio ? resume o produtor Antoninho Calza.
Conscientes de que poderiam ampliar o negócio, Calza e outros 12 donos de vinícolas procuraram ajuda de entidades para agregar valor à atividade. O Sebrae e a Embrapa foram as primeiras escolhas.
Os produtores receberam, no âmbito nacional, apoio do Programa Sebrae de Consultoria Tecnológica (Sebraetec), que permite às micro e pequenas terem acesso a conhecimentos produzidos por instituições de ciência, tecnologia e inovação, por meio de subsídios aos custos dos serviços de consultoria. No âmbito regional, eles participaram do ‘Juntos para Competir’, do Sebrae, Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS), que articula as cadeias produtivas.
? A Embrapa foi o elo tecnológico deste processo. Por meio de todas as iniciativas, estreitamos ainda mais nossa relação com estas vinícolas. Diria que foi um casamento muito bem-sucedido porque o conhecimento das duas entidades foi maximizado para atender à demanda dos produtores ? destaca o supervisor de comunicação e negócios da Embrapa de Bento Gonçalves, Alexandre Hoffmann.
De lá para cá, os produtores deram um salto de qualidade e contam hoje com apoio de outras entidades. A uva deixou de ser uma matéria-prima apenas para terceiros e agora eles produzem vinho e espumante
Um passo ainda mais ousado dessa parceria começou há dois anos, com a produção integrada sem resíduos para aumentar o apelo junto ao consumidor. Com a capacitação em boas práticas agrícolas e administrativas, eles querem ampliar ainda mais o mercado.
? Com as outras entidades que se juntaram a este projeto, o resultado do trabalho do comitê gestor vem aumentando os bons resultados. O Sebrae atua em diferentes frentes e a parceria com a Embrapa se destaca pela estrutura de pesquisa ? afirma a gestora do projeto de vitivinicultura do Sebrae em Caxias do Sul, Janine Lisboa.
As vinícolas do projeto somam 2,5 mil hectares de videiras, dos quais 35% são de castas nobres. Os produtores se orgulham de serem os maiores produtores per capita da América Latina, cerca de 16,8 mil quilos por habitante da cidade, produção que deve aumentar ainda mais com a instalação de uma unidade de produção com capacidade para 600 mil garrafas. Parte dos recursos da obra veio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
? Em 2005, fazíamos 5,8 mil litros de espumante e hoje produzimos 80 mil litros para o mercado interno. A produção inicial de vinho era de 15 mil garrafas e hoje é de 120 mil. Com a orientação técnica da Embrapa e os cursos do Sebrae para aprender a administrar um negócio, além das rodadas de negócios, demos um grande salto. De plantadores de uvas, hoje somos empresários ? diz Antoninho Calza.