Agricultores familares baianos temem abandono das culturas caso novo Código Florestal passe a valer

Com estiagem no Estado, produtores são obrigados a plantar às margens do rio São FranciscoProdutores familiares no norte da Bahia estão assustados com as implicações do novo Código Florestal. Com lavouras às margens do rio São Francisco, os agricultores preocupam-se com o futuro das plantações, caso sejam impedidos de cultivar na área.

O problema é que a estiagem que atinge a região limita os espaços produtivos.Cerca de cinco mil pessoas formam a comunidade de Bem-Bom, ao norte da Bahia, a 100 quilômetros de distância do centro da cidade de Casa Nova. A economia da região é baseada na plantação de feijão às margens do rio.

Estradas em péssimo estado dificultam o acesso ao local. A distância das escolas também afastou a oportunidade para alguns moradores, restando, como única alternativa, trabalhar na terra.

Na área de sequeiro, há mais de um ano, não chove o suficiente para fazer as plantas brotarem ou para juntar água para os animais. O que restou foi as culturas da vazante, que hoje empregam até moradores de outras localidades.

Produtores temem perder o pouco que têm caso passem a valer as novas regras do Código Florestal. O feijão cultivado em Bem-Bom foi doação da Embrapa. Na iminência do veto da presidente Dilma Rousseff ao texto aprovado pela Câmara dos Deputados, algumas áreas que estavam prontas para plantar, agora, estão paradas.

– Nós estamos perdidos, porque a única solução que tem é aqui na vazante – afirma o produtor Regimário Barreto do Rego.

Plantar nas áreas de sequeiro só seria possível se houvesse um sistema de irrigação. No entanto, não há previsão para projetos na região.