Agricultores familiares acampam na Esplanada dos Ministérios

Integrantes do Movimento Camponês Popular devem se reunir na terça com representantes do governo federalAgricultores familiares que integram o Movimento Camponês Popular (MCP) montaram acampamento, na madrugada desta segunda, dia 4, na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O protesto faz parte da Jornada de Lutas em Defesa da Agricultura Camponesa e do Meio Ambiente e segue até pelo menos a próxima quarta, dia 6.

A pauta de reivindicações a ser apresentada ao governo contém 16 itens. Na terça, integrantes do MCP se reúnem com representantes dos ministérios das Cidades, da Educação, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e outras autoridades. A ideia é discutir as reivindicações também com a presidente Dilma Rousseff.

De acordo com o coordenador do MCP, Altacir Bunde, a ocupação é um protesto diante da falta de resposta do governo às reivindicações dos trabalhadores do campo.

– As famílias do campo vivem uma situação crítica. Além da seca que agrava os problemas de plantio, cerca de 800 mil famílias camponesas não conseguem pagar suas dívidas do Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar]. As grandes empresas nunca pagaram tão pouco pelos produtos produzidos pelos camponeses como atualmente, o que intensifica o processo de exploração e aumenta os lucros das multinacionais – disse Bunde.

A agricultora familiar e militante do MCP Michelle Jorge Panteão disse que as principais dificuldades para realizar o trabalho no campo são a falta de assistência técnica, capacitação e pesquisa e o acesso à educação.

– Precisamos de fortalecimento, capacitação e assistência técnica para os pequenos agricultores – afirma.

O agricultor familiar Geraldo Souza Lobo, 60 anos, contou que enfrenta dificuldades para sustentar a família com a pequena plantação que cultiva. Acrescentou que não pode estudar e que os filhos nem chegaram a concluir o ensino fundamental.

– Tenho três filhos e todos estudaram só até o terceiro ano, eu queria muito que eles estudassem, mas morar na roça não é fácil, a escola é muito longe e meus filhos preferiram lutar comigo – lamenta.