O professor e pesquisador da Uenf , Marcelo Trindade, afirma que o produtor rural é um agente importante no processo e que o projeto tem ótima aceitação entre os pequenos produtores.
? Identificamos que o cuidado do agricultor com as mudas tem sido fundamental para a recuperação das áreas. Aqueles que não capinaram o entorno das mudas, cercaram o local e fizeram aceiros perderam muitas plantas para o mato, bois ou incêndios ? disse o pesquisador.
Ele revelou que, embora o projeto iniciado há 18 meses ainda seja muito recente para que a natureza dê uma resposta, já é possível identificar a mata se regenerando em algumas áreas.
? É um trabalho de longo prazo. A grande diferença poderá ser sentida em 10 anos. Mas esperamos que em dois anos comece a regeneração espontânea, com o aumento da biodiversidade e a propagação de sementes pelos pássaros e morcegos ? argumentou Trindade.
Segundo a mestranda da Uenf, Tatiana Pereira de Souza, o sucesso das ações de recuperação de nascentes e mata ciliar incentivadas pelo Rio Rural, em cinco áreas da região Norte, está diretamente ligado ao envolvimento dos agricultores. Ela acompanha os resultados do trabalho e recentemente realizou a terceira coleta de dados dos projetos, constatando a importância do papel do produtor rural no replantio.
? Em uma área, por exemplo, onde o agricultor agiu com mais cuidado, das 365 mudas plantadas apenas uma morreu. Já em outra, onde não foi dada a atenção devida pelo produtor, 37, das 105 mudas plantadas, morreram de um ano para o outro ? verificou.
Ela lembrou que em alguns casos, os agricultores foram ainda mais cuidadosos, realizando prática além do cercamento e coroamento das mudas. Um deles, preocupado com a seca, irrigou a área de recuperação reduzindo em muito a perda das plantas.
A Mata do Carvão, em São Francisco de Itabapoana (RJ), é um remanescente da vegetação nativa que antigamente cobria grande parte da região Noroeste.