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Agricultores familiares do Nordeste melhoram renda com roupas ecológicas

Principal diferença para o produto tradicional é a utilização de algodão produzido sem o uso de agrotóxicosUma tendência mundial está ajudando a melhorar a renda de agricultores familiares do Nordeste: o uso de roupas ecológicas, feitas com algodão produzido sem agrotóxicos. O Brasil exporta a matéria-prima para a França e os agricultores do Estado do Ceará são os que mais produzem.

Na sede do Sindicato Rural de Quixadá, a cerca de 170 km de Fortaleza, há 23,6 mil kg de algodão orgânico. Até outubro, quando terminar a colheita, este volume deve chegar a 30 mil kg, o que representa a melhor safra para os produtores da região até hoje.

? Quando recebemos o algodão, repassamos para a Adec, que é uma outra associação, nossa parceira também. O agricultor só produz aqui e enviamos para lá. Aí, eles repassam o dinheiro para o sindicato, que paga os agricultores ? explica Lucilene Lopes, coordenadora do projeto.

Lopes é responsável pelo projeto de Produção de Algodão Agroecológico no município de Quixadá. Ela afirma que outros quatro municípios também participam do programa e o foco é a produção da agricultura familiar.

A idéia de cultivar um produto diferenciado partiu da ONG cearence Esplar, que fez a pesquisa e deu assessoria aos produtores. Depois, os sindicatos rurais se aliaram a uma grande associação de agricultores no Estado e o algodão produzido agora faz parte do chamado “comércio justo e mercado solidário”, que é essência do projeto. Além de produtores do Ceará, os de Pernambuco e Rio Grande do Norte também estão comprometidos com a proposta.

A região de Quixadá já foi grande produtora de algodão, há cerca de 30 ou 40 anos. Existiam, inclusive, usinas de beneficiamento no local. Por falta de controle do bicudo, uma praga conhecida do algodão, os produtores perderam suas lavouras e a produção acabou no município. A volta se deu agora graças ao projeto para produção de algodão ecológico. Em 2004, quando começou, eram oito produtores. Agora, são mais de cem.

José de Souza foi um dos primeiros a plantar os novos pés de algodão. Começou produzindo 15 arrobas e agora está confiante que vai colher mais que 20. A área de um hectare é a mesma do começo. Para ele, é mais fácil controlar as pragas desta forma.

? Estou armado com os meus preparos, que são a urina de gado, o pó do nim, o óleo e a “catação”. Porque nós estamos “catando” o bicudo. O bicudo é o seguinte: quando ele cai, com 15 dias, está voando. Acontece dele entrar num canto ou entrar no meio. Aí tem que combatê-lo. Depois de combater, nós vamos controlando com estas coisas mesmo.

O controle com produtos naturais, adubação e conservação do solo são algumas das técnicas que caracterizam a produção orgânica. O cuidado dos produtores faz diferença no bolso. Na região, a indústria paga pelo algodão convencional R$ 13 a arroba. Para o orgânico, o preço chega a R$ 24.

Hoje, em todo o Estado do Ceará, cerca de 500 produtores trabalham com algodão agroecologico e a produção deve atingir, este ano, 85 toneladas.

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