Plantando feijão há mais de 30 anos, o agricultor Celso Ventura afirma que fazia tempo que não via uma safra como esta, com o produto valorizado e a lavoura apresentando bons resultados. Em algumas áreas, a produtividade chegou a 60 sacas por hectare. No ano passado, foi de apenas 40 sacas.
– Faz muitos anos que não acontecia isso. A gente colhia o feijão e ficava correndo atrás do comprador. Hoje não, teve briga de freguês no quadro pra comprar a mercadoria – comemora Ventura.
O produtor foi na contramão do mercado. Apostou na leguminosa e aumentou a área plantada, situação que não aconteceu com outros agricultores. Muitos deles estão migrando para a soja.
– A soja é mais segura, você consegue fechar contrato antes e não tem a mão de obra que o feijão dá na colheita. Então o pessoal quer ficar mais firme, mais tranquilo, né? E o feijão é arriscado – explica.
Além da redução da oferta em São Paulo, a safra paranense de feijão atrasou por causa das chuvas. Esses fatos foram responsáveis pela forte alta da saca do feijão em São Paulo.
– As chuvas realmente atrapalharam um pouco. O feijão úmido não pode ser empacotado, então tem que esperar um procedimento diferenciado para poder depois ser maquinado e empacotado. Isso fez com que o mercado ficasse firme esses dias. O preço chegou a R$ 280,00 a saca de 60kg do carioca extra na semana passada. Hoje, já falam em R$ 240,00 e R$ 245,00 – avalia o analista de mercado Rui Roberto Russomano.
Para os próximos dias, o analista diz que o preço deve se normalizar e não vai faltar produto no mercado.
– O mercado de feijão deve seguir o ritmo dele. Ele oscila, é uma leguminosa, e a gente tem sempre que ter consciência disso, mas ele tem períodos de estabilidade e é assim que deve se manter nos próximos dias. Essa é a expectativa que nós temos – finaliza Russomano.