Na fazenda do agricultor Gilberto Peruzi os trabalhos já começaram. O agricultor plantou quatro mil hectares. A produtividade das áreas cultivadas mais cedo deve ser maior do que a das semeadas mais tarde. Mesmo assim a média final deve ser inferior à da última safrinha.
? Quero crer que vou conseguir uma produtividade em torno de seis mil quilos por hectare. Um pouco diferente do ano passado, que ficou em torno de sete mil quilos. Estou acreditando que a gente vai ter no mínimo uma remuneração compatível, para poder, em 2012, fazer um novo plantio e começar tudo de novo ? conta.
Em MT devem ser registradas perdas de produtividade nas lavouras tardias. A estimativa de prejuízos varia de acordo com a região. Em Sorriso, a expectativa de fechar a colheita com produtividade média de cem sacas por hectare não deve se confirmar.
? Tivemos uma janela de plantio reduzida, em função do atraso das chuvas durante o período do plantio da soja. Nós dizemos que Sorriso ainda não é a pior região de Mato Grosso com este problema, mas mesmo assim estimamos perdas ao redor de 20% do potencial produtivo ? informa o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Elso Pozzobon.
Mas se por um lado a produtividade das últimas lavouras preocupa, por outro as boas cotações animam. Como os preços pagos pelo produto estão bem superiores aos que eram praticados no mesmo período do ano passado, os agricultores acreditam que a produção reduzida possa ser compensada por boas comercializações.
Em Mato Grosso a saca é negociada com preços entre R$ 15 e R$ 19. Em 2010 girava em torno de R$ 10 a saca. A valorização impulsionou as vendas antecipadas, 62% da produção prevista já foi negociada.
? Acredito que os preços vão se manter. Não existe estoque regulador e existe muita demanda. Se com safra cheia no ano passado atingimos estes preços, imagine com uma frustração de 20% na produção. É lógico que preços vão se manter. Mas os produtores devem estar atentos, não podem esperar milagres. O preço atual está muito bom e é importante pensar em vender pelo menos uma boa parte da produção, principalmente aquela que tem necessidade de honrar compromissos já feitos ? explica o diretor da Aprosoja e Famato, Nelson Piccoli.
O produtor Peruzi está ciente da valorização do milho safrinha e por isso já garantiu a venda de mais da metade da produção.
? Comercializei cerca de 60% da produção. Só não vendi mais porque boa parte da produção ainda está no campo, e não há como saber quanto vai produzir realmente. Por isso acho que 60% já é um volume bem considerável para se comercializar antecipadamente ? conclui.