Uma muda foi plantada logo após a tragédia em homenagem aos mortos que se foram. Ela está localizada no mirante entre Teresópolis e Nova Friburgo. Do alto é possível observar a área agrícola da região serrana e ter uma idéia do que o cinturão verde representa para o Rio de Janeiro. No local cerca de 90% das hortaliças consumidas no Estado são produzidas.
A catástrofe que atingiu a zona rural se espalhou por todo território carioca. Barreiras impediam a saída de frutas e hortaliças. A oferta diminuiu deixando tudo mais caro. Aos poucos, abastecimento e valores voltaram ao normal, mas grande parte das áreas atingidas continuam devastadas.
Uma placa no bairro Bonsucesso mostra que a agricultura permanece em estado de emergência. O governo colocou máquinas para lavrar a terra, mas o socorro ainda não chegou a todos.
? Aqui eles estão colocando tratores para lavrar, somente isto. E as máquinas para planar o terreno que está com areia, mas só alguns, não são todos. Eles tão meio devagar. Pra mim no momento não teve benefício nenhum, até o trator que pedi cadastramento não veio, não chegou ainda. Agora paguei do meu bolso ? relata o agricultor Paulo da Conceição Silva.
? Tinha bastante máquina trabalhando, de repente sumiu tudo, ninguém sabe, a gente fez cadastramento, ficaram de voltar, mas não voltaram mais ? observa a agricultora Simone Cabral.
O secretário de Agricultura do Estado informou que o trabalho vem sendo feito e pede calma aos moradores.
? Nós fizemos um trabalho de muito bom nível, jamais visto no Estado do Rio, recuperamos 60% da malha de estradas vicinais. US$ 20 milhões com o Banco Mundial e mais de 130 projetos já estão implantados de reconstrução de propriedades e vamos chegar ao fim do ano em 600, o que representa quase 100% daqueles produtos que tiveram perdas drásticas. O Pronaf emergencial que conseguimos com o MDA já atinge um numero próximo de 3000 agricultores atendidos. Se algum tiver, procure a Emater de seu município ? comenta.
Saindo de Bonsucesso, chegamos a Santa Rosa, outra área agrícola que também enfrenta problemas. O agricultor Pedro Barbosa tem uma pequena propriedade onde plantava alface e cenoura. Metade ficou embaixo da lama. E assim permanece até hoje.
? Com esta terra não consigo plantar. Não consigo, não tenho condições. Por aqui pra nós nada foi feito. Falaram que iam abrir o rio, mas nada até hoje. Nossa situação fica ruim, não tem como plantar, fazer nada. Perdi uma renda de R$ 2 mil. Estou tirando dinheiro da minha mulher que trabalha fora.
A agricultora Adelina Barbosa planta ao lado do rio. A enxurrada de janeiro deixou o nível mais alto, o que causa medo de uma nova enchente.
? O rio está muito alto, e com uma chuva ele sobe e alaga tudo de novo. Não veio ninguém dragar ainda. Plantava rúcula nesta terra. Agora são seis meses terra parada. Não tem previsão de quando retorno a plantar, se não dragar não adianta ? conta.
Moradores se dizem abandonados na região serrana do Rio de Janeiro
Seis meses depois, moradores ainda sofrem com as perdas causadas por desabamentos de terra no RJ