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Agricultores do Rio Grande do Sul apostam em práticas sustentáveis em lavouras de fumo

O resultado é a melhora na qualidade de vida da família e uma maior rentabilidadeNa busca de equilíbrio entre a diminuição dos custos de produção e a consciência ecológica, os produtores de fumo do Rio Grande do Sul aprendem a diversificar a propriedade e reaproveitar recursos. Ações simples (como a utilização de esterco para adubo e a preservação da mata ciliar em áreas próximas a córregos, nascentes e rios) ou mais elaboradas (como a produção de biodiesel a partir de semente de girassol) moldam um cenário que aos poucos se torna mais comum na zona rural.

O agricultor não só tira da terra o que precisa como aprende a usar o que sobra, sem desperdício. O resultado dessa equação é a melhora na qualidade de vida da família e uma rentabilidade que cresce, a partir do melhor aproveitamento dos recursos.

Administrados pela família Medeiros desde 1982, os 29 hectares de terra no interior de Rio Pardo produzem tabaco, leite, ovinos, hortaliças, legumes e girassol — que serve tanto para a fabricação de biodiesel quanto para a alimentação dos animais. Com o apoio da força de trabalho da mulher, Mercedes Medeiros, 69 anos, e das duas filhas mais novas, Angelita Medeiros, 35 anos, e Albertina Medeiros, 36 anos, João Carlos Medeiros, 63 anos, começa cedo a rotina na chácara.

Pouco depois das 6h, todos já estão na lida. Enquanto Angelita trata os animais, Mercedes e Albertina já estão ajudando o agricultor a cuidar das lavouras de fumo e girassol. Tudo sem esquecer do almoço, dos afazeres domésticos e das hortas.

O que chama atenção na propriedade é a noção de reaproveitamento aplicada no local. Com o auxílio de cursos e orientação de técnicos da Afubra e da Emater, a família desenvolveu sistemas simples para reduzir custos de produção enquanto reaproveita resíduos e até reserva, em cisternas, água da chuva para o uso animal.

O que sobra de uma cultura ou criação é aproveitado em outra e colabora com o trabalho da propriedade. Investindo no girassol há pouco mais de cinco anos, a família tira dos 8 mil metros quadrados plantados o suficiente para produzir o biodiesel que abastece o trator e também para alimentar as 22 vacas leiteiras e 20 ovelhas de corte.

Além dos 344 litros de leite, que são vendidos para uma empresa a cada dois dias, do esterco dos animais ainda é feito o adubo usado nas lavouras de fumo, milho, feijão, girassol e nas pastagens.

— Quase nem compramos mais adubo aqui. Usamos o esterco, e depois é só fazer a cobertura com a ureia. Diminui o custo de produção e é melhor que o adubo comprado fora — garante Angelita.

E quando o serviço de campo dá uma folguinha, é na cozinha da casa que são processados legumes em conservas, linguiças, salames defumados e, claro, pães e cucas que misturam as receitas de família com as aprendidas nos cursos promovidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

— Tem muita coisa que a gente nem compra no mercado porque produz aqui. Fazemos de bacon a pães — orgulha-se Mercedes.

Sempre atrás de novas técnicas e ideias para melhorar a propriedade, Angelita planeja aumentar a criação de vacas leiteiras e modernizar a produção com a construção de uma nova sala de ordenha e um local para o resfriador de leite, que atualmente está instalado na casa. Também quer construir uma cisterna maior e mais eficiente.

Mesmo em uma propriedade diversificada, Medeiros não despreza a rentabilidade do fumo que, junto com o leite, é responsável pelos maiores ganhos da família. Para o produtor, nada rende como a planta em pouco espaço de terra. Apesarm da quebra de até 30% causada pela seca dos últimos meses, o agricultor estima que a menor oferta do produto no mercado reverta em preço melhor.

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