Agricultores do Sul protestam contra problemas do setor agropecuário

Produtores pedem um novo programa de renegociação das dívidas com custeio e investimentoNo sul do país, produtores rurais fizeram um protesto pedindo uma solução para os grandes problemas do setor agropecuário. Seguro rural, renda agrícola e uma saída para o endividamento estão entre as prioridades.

O preço que o produtor rural Normélio Lauer recebe pelo litro do leite mal cobre os custos de produção. O valor caiu R$ 0,08 nas últimas semanas. O agricultor gaúcho, que fez um financiamento para comprar a ordenhadeira, calcula que vai ter um prejuízo superior a R$ 1 mil.

Problemas semelhantes ao de Lauer foram discutidos desde o início da manhã desta terça, dia 10, em Porto Alegre. Compareceram produtores de mais de 50 sindicatos rurais do interior. Eles pedem um novo programa de renegociação das dívidas com custeio e investimento.

? No Brasil inteiro, nós estamos encontrando grande dificuldade com a questão de renegociação das dívidas, com relação a infra-estrutura, questão de portos, de tributação. Hoje, por incrível que pareça, virou um absurdo se produzir neste país. Nós temos aí um custo de produção dos mais altos do mundo e nós contribuímos com um terço do PIB nacional ? avalia o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira.

Novos mecanismos de comercialização, incentivo para exportações e armazenagem e mais facilidade de acesso ao crédito rural também fazem parte das reivindicações.

? Nós não temos segurança, nós não temos realmente uma política agrícola e é o que nós vamos tentar buscar. Renda envolve também o crédito, flexibilização do crédito, um crédito rotativo que o produtor não precise a cada safra fazer um projeto, onerar o seu custo, buscar de novo o seu limite de crédito ? defende o diretor de política agrícola da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Marco Aurélio Tavares.

Os produtores querem ainda mudanças no seguro rural com um aumento do percentual de cobertura.

? Nós queremos um seguro de renda. Nós queremos um seguro que dê tranquilidade para trabalhar. Não só um seguro para pagar a quem nos emprestou o dinheiro, mas um seguro para nos ressarcir em qualquer situação climática. Qualquer problema que houver nós precisamos de uma renda pelo nosso trabalho e por aquilo que nós íamos receber ? diz o diretor da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong.

As propostas com as mudanças na política agrícola vão ser encaminhadas para o governo federal.