As mudas de abacate são enxertadas na Estação Experimental Agronômica da UFRGS. Os pesquisadores pretendem aplicar ciência e tecnologia para garantir a estabilidade na produção.
? É uma planta relativamente rústica, boa de trabalhar e, no caso, como nós trabalhamos com mudas enxertadas, como plantas de menor porte. Diferentemente do que nós já conhecemos de plantas de fundo de quintal, que são plantas de sementes, de tamanho muito elevado e ruim de manejo de campo ? afirma Sérgio Schwarz, professor da UFRGS.
A universidade trabalha com quatro variedades principais. Três são destinadas ao consumo, e uma é específica para extração do óleo do abacate. A ideia é que as mudas se adaptem ao clima e ao solo local e que possam garantir uma produção regular.
? Ela começa a produzir já a partir do segundo ano. Então, por produzir mais cedo, ela não consegue crescer tanto. Ela não passa de três metros de altura ao longo da vida. Facilita muito, não há nem a necessidade de subir na escada para colher ? diz Paulo Vitor Dutra de Souza, professor da UFRGS.
A primeira safra é aguardada com expectativa pela família Wogel, de Venâncio Aires. A maior parte dos 16 hectares da propriedade sempre foi dedicada ao cultivo do fumo. Agora, os 200 pés de abacate podem começar a mudar esta realidade.
? Se o fumo não der mais, a gente já tem alguma coisa em andamento, né. Porque futuramente a gente já tem alguma coisa para a comercialização ? explica o produtor rural Astor Wogel.
Pelo menos 15 produtores do município participam do projeto.
? Aqui no abacate, a prefeitura entrou com o transporte das mudas e distribuição. É um projeto que vem ao encontro da diversificação, que todos estão esperando e precisam por causa do tabaco ? acredita Gerson Antoni, da Secretaria da Agricultura de Venâncio Aires.
? O volume de produtores envolvidos com o tabaco é muito grande. São 5,3 mil famílias. Então, não dá pra imaginar que todos estão escolhendo isso. Mas se vai escolhendo alguns produtores que procuram assim com a ideia de fazer esta diversificação e que procuram também alternativas que se identificam também com o ambiente ? diz Vicente Fin, da Emater do município.
Os abacates vão ter mercado garantido na agroindústria de Larri Kist, que produz óleos essenciais. Depois de 11 anos de pesquisa, ele vende toda a produção para lojas de produtos naturais, espalhadas pelo Brasil.
? O abacate é uma fruta muito rica. Com o processamento do óleo, nós concentramos esses micronutrientes. Por exemplo, nós temos a vitamina E, que se encontra em 34% das necessidades diárias, dentro do óleo de abacate ? explica seu Larri.
A fruta também é usada para o tratamento de diversas doenças, como a psoríase. A capacidade de produção da agroindústria é de 250 litros por ano, mas pode duplicar quando a matéria-prima dos pomares de Venâncio Aires se tornar mais abundante.