O preço foi o fator decisivo para o Brasil alcançar em 2008 o maior valor da história em exportações agrícolas: cerca de US$ 72 bilhões. Mas, os mesmos preços devem afetar de forma negativa as vendas em 2009. Com a crise financeira mundial, as principais commodities despencaram e, com valores menores, a receita das exportações deve cair.
A Secretaria de Relações Internacionais do Mapa fez uma simulação do que pode ser o próximo ano, levando em consideração a cotação do dólar a R$ 2,20. O resultado mostra forte queda no valor exportado.
? Nós fizemos um exercício supondo os níveis de preços de 2007 e, fazendo alguns ajustes de quantidades, chegamos a um valor de US$ 55,7 bilhões para 2009, contra US$ 72 bilhões deste ano. Portanto, em dólar, uma queda de 23% ? declarou o secretário Célio Porto.
O Ministério da Agricultura acredita que o algodão e a carne suína serão os produtos mais afetados pela crise. Já o suco de laranja, o açúcar e a soja devem ter uma recuperação de preços e a maior estabilidade no mercado.
O consultor em agronegócio Clímaco César concorda que a queda na receita das exportações vai ser inevitável. Mas ele acha que dois fatores podem ser fundamentais para amenizar a situação:
? Pode haver uma reação a partir do segundo semestre, em termos de preços para as nossas exportações. A partir da posse do Obama, e quando ele começar a atuar nos Estados Unidos. Isso vai ser fundamental para as economias. E a reação do petróleo: alguns acham que o petróleo termina o ano em US$ 100. Tomara que o bendito petróleo suba pelo menos a US$ 70, US$ 80 para movimentar o consumo mundial novamente.
Mas o governo não perde o otimismo e insiste que a crise será uma oportunidade para o agronegócio brasileiro.
? Quando os preços caem, só os mais competitivos permanecem no mercado e a história tem mostrado que o Brasil sempre soube aproveitar esses momentos. Nós temos a expectativa positiva de que ao final de 2009 o Brasil estará ocupando mais espaço no mercado internacional do que ele conseguiu em 2008 ? previu Célio Porto.