No galpão de beneficiamento, as cenouras são lavadas, selecionadas e embaladas. Depois, vão direto para mercados em todo o Centro-Oeste e Nordeste. O mesmo ocorre em outros três galpões com batatas, alho e cebola. Segundo o diretor executivo da Agrícola Wehrmann, o melhoramento genético das plantas também é feito na propriedade.
– O país não tinha tradição na produção destas culturas de modo comercial, em escala. São culturas vistas como domésticas, de subsistência, mas a nova demanda da população requer um empreendimento técnico capaz de atender às necessidades do mercado – explica.
Os agricultores australianos que estiveram em Goiás viajam o mundo em busca de inovações na produção e o tamanho do empreendimento surpreendeu os visitantes. A fazenda emprega mais de duas mil pessoas e produz 130 mil toneladas de alimentos por ano. A meta é chegar a 200 mil toneladas.
A fazenda responde sozinha por 40% da batata, 32% do alho, 33% da cebola e 50% da cenoura produzidas no Estado. Tudo com a utilização do plantio irrigado. A água é armazenada durante o período de chuvas e possibilita a produção mesmo durante a seca, por meio de uma barragem.
Fertilizantes e defensivos são aplicados conforme análise do solo e monitoramento de pragas, reduzindo os custos e os impactos ambientais. Os cuidados garantiram a obtenção do selo Global Gap, certificação internacional que é pré-requisito para ter acesso ao mercado europeu.
A possibilidade de múltiplas safras foi um dos pontos que mais chamou a atenção dos estrangeiros. O produtor australiano Dave Reilly afirma que cultiva uva para vinho, tâmaras e romãs, também utilizando a irrigação. E cita as vantagens da diversificação, pois “enquanto está colhendo, já está plantando outra lavoura e outra já está florescendo”.
A aplicação da tecnologia, a capacidade de produção e os cuidados para o melhor aproveitamento dos recursos naturais também impressionaram, segundo o gerente de Desenvolvimento para a América Latina da Bayer Cropscience, Milton Suzuki. A empresa foi a responsável pela organização das visitas.
– Eles se surpreendem positivamente pela velocidade que o Brasil está desenvolvendo, que os agricultores brasileiros têm se desenvolvido, no sentido de melhorar a produtividade, de usar as boas práticas, de atender as solicitações de mercado, por exemplo, limite máximo de resíduo. O agricultor brasileiro já está consciente há muito tempo, não só pra atender a demanda interna, como também para atender o mercado externo – aponta.
O grupo passou por Nova Zelândia, Holanda, Estados Unidos e Canadá. Reilly diz que a dúvida era sempre a mesma: como será possível alimentar a população mundial em 2050, estimada em nove bilhões de pessoas? Para ele, a resposta está no Brasil, já que o país é o único com capacidade de triplicar a produção.
– Para mim, a coisa que mais chama a atenção é a oportunidade e a cabeça aberta para mostrar o que estão fazendo e para aprender dos outros. Essa vontade de troca de informações é uma coisa que eu acho que o brasileiro e o australiano têm em comum – opina a empresária australiana Sally Thomson.