De julho a dezembro de 2013 foram registrados 1.170 comunicados de perdas em lavouras do país. No mesmo período, na safra 2012/2013, foram 4.100. Em 2013 foram feitas 310 mil adesões ao seguro da agricultura familiar. Os Estados que mais registraram ocorrências são os da região Sul, com 1.115 comunicados.
O agricultor Olavio José Oliveira, de Rio Pardo, interior do Estado, se dedica as culturas da soja e do milho. Em mais de 30 anos de trabalho, muitos foram de perdas nas lavouras por causa de problemas climáticos. Ele destaca que a safra 2013/2014 está sendo diferente e a expectativa e de boa produtividade.
– Teve bastante chuva e foi bom para lavoura. Com a tecnologia que se tem, principalmente no milho, que são herculex, RR, tudo fica mais prático. A lavoura tem um potencial para produzir bastante, só precisamos de clima e um preço melhor para nos incentivar – salienta o produtor.
Oliveira espera colher 50 sacas de soja por hectare, e 140 de milho. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), é justamente o uso de tecnologias, por parte dos produtores rurais, que tem contribuído para o baixo número de ocorrências de perdas.
– A política de seguro é uma política indutora de boas práticas agrícolas. Toda vez que o agricultor comunica perda, há uma perícia e se eventualmente, o técnico ou perito constatar que uma das recomendações técnicas não foram seguidas, aquele valor correspondente à prática que o agricultor não utilizou é glosada. Ele recebe uma indenização menor. Nós já temos um histórico importante de agricultores que aderiram ao seguro. Isso fez com que eles se preocupassem mais, utilizassem melhor as tecnologias recomendadas. Então, com os anos e isso vai se aperfeiçoando cada vez mais, o uso da melhor tecnologia, aquela recomendada pelos técnicos, se acentua entre os beneficiários do crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) – salienta o diretor de Financiamento de Proteção à Produção do MDA, João Luiz Guadagnin.
Segundo Guadagnin, apesar do aumento tecnológico na lavoura, o clima foi o grande responsável pela redução das ocorrências e, diferente das safras anteriores, deu um descanso que beneficiou os agricultores.
De acordo com o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Mozar Salvador, no segundo semestre de 2013, o clima foi de precipitações próximas à média, em parte do sudeste e do sul do brasil.
– Em parte do Sudeste e Sul da Bahia, nós tivemos no final do semestre excesso de chuva, principalmente, em dezembro, que marcou o Estado do Espírito Santo, Norte de Minas Gerais, Rio de Janeiro que aí sim, essas regiões foram marcadas por volumes de chuvas muito acima da média. Alguns lugares quase três vezes a média histórica. Então, houve problema, mas onde não houve excesso de chuva e também o déficit hídrico quando ocorreu, não foi muito baixo, foram áreas mais favorecidas pelas condições climáticas – destaca.
O meteorologista diz que a região mais afetada pelo clima no Brasil, entre 2012 e início de 2013 foi a região Nordeste, que teve dois anos consecutivos de seca, o que impactou toda a região, em especial o semi-árido brasileiro. No Sul do Brasil, região que mais acessa o seguro da agricultura familiar, o clima, no segundo semestre de 2013, foi bom e contribui para o desenvolvimento das lavouras.
Para este ano a previsão para o primeiro trimestre é de chuvas regulares.
– A perspectiva em termos de clima de chuvas para o trimestre: janeiro, fevereiro, março para a região Sul, por exemplo, é que as chuvas fiquem dentro da sua faixa normal ou um pouco abaixo para o Oeste da região e um sinal contrário, uma tendência de normal ou um pouco acima pra sua faixa mais a Leste. Já para a região Nordeste, algumas localidades correm o risco ainda de ter um déficit hídrico para esse começo de ano. Isso não significa que haverá uma nova seca severa, mas apenas um risco de que as chuvas fiquem um pouco abaixo da sua faixa normal principalmente no Norte da Bahia, parte do Ceará, Pernambuco e Piauí – conclui.