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ENTREVISTA

Agritechnica 2023 destaca 'produtividade verde' e história com o Brasil

Segundo Timo Zipf, gerente de projetos da Agritechnica, agricultores brasileiros são extremamente populares entre os expositores

Agritechnica
Foto: Divulgação/Agritechnica

A edição de 2023 da feira Agritechnica está agendada para ocorrer de 12 a 18 de novembro, na cidade de Hanôver, Alemanha. Palco global de inovações no setor de máquinas agrícolas, a edição deste ano trará como foco central o tema da “Produtividade Verde“.

Para falar mais sobre as perspectivas para edição deste ano, o Canal Rural conversou com Timo Zipf, gerente de projetos da Agritechnica. Confira:

Canal Rural: Qual é a importância do tema “Produtividade Verde” da Agritechnica 2023 e como esse conceito será refletido na feira deste ano?

Timo Zipf: “Produtividade Verde” são conceitos e inovações que garantam produtividade agrícola enquanto protegem a natureza e o meio ambiente. O tema embasa o programa técnico, que inclui centenas de conferências e eventos. Uma nova conferência dedicada à América do Sul: “LATAM – É hora de investir?”, que vai acontecer no dia 14 de novembro deste ano, vai explorar oportunidades de investimento viáveis na agricultura na Argentina, Brasil e Uruguai, por meio de tópicos de apresentação sobre inovações sustentáveis na agricultura e trocas entre os participantes, que incluem profissionais do setor agrícola da América do Sul e da Alemanha. Outras apresentações e eventos de networking no programa técnico incluem discussões sobre estratégias de fertilização, bem como fóruns de tecnologia específicos para equipamentos agrícolas autônomos, agricultura inteligente e inteligência artificial, entre outros. Os detalhes do programa serão anunciados no verão.

Canal Rural: Pode nos contar sobre a relação entre a Agritechnica e os agricultores brasileiros? Como a feira beneficia os agricultores do Brasil e como eles interagem com as inovações apresentadas?

Timo Zipf: A Agritechnica e o Brasil têm uma longa história. A Agritechnica, juntamente com suas exposições irmãs, tem sido regularmente destaque em eventos brasileiros nos últimos 15 anos. Os agricultores brasileiros são extremamente populares entre os expositores, devido à sua abordagem de agricultura em grande escala e mentalidade decisiva de investimento. Enquanto as empresas brasileiras se beneficiam do alcance internacional da Agritechnica, os visitantes brasileiros apreciam o local da Agritechnica por oferecer uma ampla gama de equipamentos agrícolas, soluções e inovações, não encontrados em nenhum outro lugar do mundo. Com mais de 2 mil visitantes sul-americanos na última edição, o evento sediado em Hanover é um local-chave não apenas para os agricultores brasileiros, mas também para os profissionais agrícolas internacionalmente atentos da América do Sul. Os números da feira chamam a atenção das empresas exportadoras brasileiras que atualmente têm um forte foco em parcerias, importações, exportações e joint ventures. Atualmente, temos 28 expositores brasileiros confirmados na Agritechnica. Dez empresas participarão do pavilhão do Sindipeças, enquanto nove empresas de médio e grande porte, afiliadas à Abimaq, estarão reunidas no Hall 09. Além disso, temos mais três empresas tradicionais participando individualmente – Metisa, Braslux e Hexagon, esta última comparecerá com seu parceiro canadense. No Hall 24, o Brasil também terá uma participação institucional, com o estande da APEX-Brasil, onde estarão presentes representantes do Ministério da Agricultura, Ministério do Desenvolvimento e Indústria, Abisolo e Sindifert. Empresas como Stara e Industrias Colombo apresentarão grandes máquinas, e quase todos os expositores brasileiros terão lançamentos de novos produtos.

Canal Rural: Como a Agritechnica 2023 está trabalhando para apoiar e promover novas startups agrícolas? Haverá áreas ou programas específicos dedicados a destacar as inovações dessas empresas?

Timo Zipf: Tendências e invenções desempenham um papel importante para que os agricultores continuem a produzir de forma eficiente e lucrativa. Portanto, nós, da DLG (Sociedade Agrícola Alemã), iniciamos uma área na última Agritechnica dedicada a apresentar inovações de startups. Essa área de exposição está repleta de invenções que acabaram de ser lançadas. Coisas como soluções robóticas, tarefas autônomas e soluções baseadas em inteligência artificial são inovações típicas no Hall 24. Este é um lugar efervescente. Você pode literalmente ouvir as ideias criativas surgindo enquanto caminha por lá. A outra área que tem uma atmosfera de startup é o novo DLG.Prototype.Club, que consiste em equipes de engenheiros de software empreendedores que resolverão desafios digitais definidos pelos expositores antecipadamente – poderia ser um aplicativo para padrões de espalhamento, por exemplo. Na feira, as equipes da DLG apresentarão um protótipo funcional, com foco na inventividade e no desenvolvimento rápido. A equipe com a melhor solução vencerá.

Canal Rural: Considerando a importância do agronegócio nas relações comerciais internacionais, especialmente entre o Mercosul e a União Europeia, gostaria de saber a perspectiva da organização da Agritechnica sobre o impacto potencial do acordo Mercosul-UE no setor de máquinas agrícolas e inovações tecnológicas.

Timo Zipf: O acordo concede a ambos os lados acesso irrestrito a máquinas agrícolas e inovações, o que pode ajudar a melhorar não apenas a eficiência e a competitividade, mas também o impacto ambiental da agricultura. A DLG, organizadora da Agritechnica, é uma sociedade sem fins lucrativos que busca promover o progresso na agricultura, nosso objetivo desde 1885. A Agritechnica é importante porque reúne agricultores, nossa principal base de membros, e empresas que oferecem inovações e soluções em máquinas agrícolas. Nesse sentido, qualquer solução tecnológica que possa oferecer uma vantagem na fazenda, seja você um agricultor brasileiro ou alemão, deve ter a oportunidade de ser aplicada.

Canal Rural: Diante do crescente foco global em questões relacionadas às mudanças climáticas e à sustentabilidade, como a Agritechnica aborda a integração de tecnologias e inovações que ajudam os agricultores a enfrentar os desafios das mudanças climáticas e adotar práticas agrícolas mais sustentáveis? Quais são as principais tendências e soluções que os participantes podem esperar ver na feira em relação a esse tema?

Timo Zipf: No futuro, será ainda mais importante aumentar a produtividade com menos uso e menor intensidade de insumos agrícolas, ao mesmo tempo em que se protege o meio ambiente e a natureza. A tarefa central da agricultura é a segurança alimentar, como ilustrado pelas recorrentes crises alimentares. No entanto, a segurança alimentar deve ser pensada a longo prazo. O foco em um uso mais sustentável de nossos recursos naturais, como solo, água, atmosfera e biodiversidade, deve ser fortalecido. Isso torna o progresso técnico e profissional ainda mais importante, e é isso que a DLG oferece aos agricultores na Agritechnica. Como uma organização de agricultores, a DLG possui cerca de 40 grupos de trabalho, que incluem membros da academia, empresas e organizações, bem como agricultores, que se reúnem para discutir tópicos dentro de uma área. Um grupo de trabalho, por exemplo, se concentra no manejo do solo. Mudanças climáticas, uso sustentável do solo e escassez de água são tópicos típicos que certamente estão na agenda. Os resultados das análises e discussões são então transferidos para discussões internacionais abrangentes e frequentemente se transformam em soluções técnicas oferecidas por empresas na Agritechnica.

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