Ao participar de evento sobre finanças verdes, promovido pela Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Rede Brasil pelo Pacto Global, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, destacou nesta sexta-feira, 19, que o agronegócio brasileiro é uma boa alternativa para investimento privado em títulos verdes. O evento virtual reuniu representantes de vários países e de multinacionais.
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Um dos destaques da agropecuária nacional, segundo o ministério, é o avanço nos indicadores de sustentabilidade. De 1977 a 2018, a produção de grãos cresceu 425%, enquanto a área plantada aumentou pouco mais de 40%. Outro número citado pela ministra mostra que a pecuária alcançou importantes ganhos de produtividade e eficiência, em um período de 20 anos, ocupando apenas 22% do território nacional e mantendo 66% da vegetação nativa preservada.
“Nossa produção é cada vez mais sustentável. Graças às condições naturais e climáticas favoráveis, temos capacidade de colher duas safras ao ano em uma mesma área, podendo chegar a três com o emprego de tecnologias sustentáveis. Algo impossível para agricultura em países com clima temperado”, destacou.
Além disso, programas nacionais trabalham na recuperação de milhões de hectares de pastagens ociosas e degradadas para expansão da pecuária, sem necessidade de desmatamento, com a adoção, por exemplo, dos sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta.
“Nossos produtores há muito tempo já compreenderam que a preservação e a produção são indissociáveis, e que a sustentabilidade já é lucrativa. Isso cria um ponto fundamental para que a gente cresça mais na pecuária sustentável”, disse.
A ministra voltou a reforçar que os produtores rurais devem cumprir uma das mais rigorosas legislações ambientais do mundo, o Código Florestal, que determina a manutenção de reservas legais nas propriedades privadas.
Títulos verdes
Para responder à demanda global por alimentos, fibras e energias renováveis, a agropecuária brasileira necessitará de um grande volume de recursos. Anualmente, o setor necessita de US$ 100 bilhões somente para giro, sem contar os demais investimentos em outros elos da cadeia produtiva, como produção de insumos, logística, comercialização, armazenagem e industrialização. Com esse cenário, os títulos verdes são importantes ferramentas de financiamento do setor.
Em 2019, o Brasil emitiu apenas 0,5% ou US$ 1,5 bilhão de todos os títulos verdes do mundo, apesar de representar mais de 2% do PIB mundial. Com o objetivo de ampliar esse mercado e atrair os investidores estrangeiros, o governo está adotando medidas para melhorar o ambiente de negócios, desburocratizar a entrada de recursos externos e equacionar aspectos tributários para não atrapalhar o fluxo de recursos internacionais.
Uma dessas ações foi a promulgação da Lei do Agro, em 2020, que tornou as operações financeiras mais simples, transparentes e seguras juridicamente, além de aprimorar instrumentos como a CPR e os títulos do agro (CRA). Outra medida foi a parceria firmada, em 2019, com a Climate Bonds Initiative (CBI), maior certificadora de títulos verdes do mundo, para definição de critérios globais para agricultura e pecuária e elaboração de um plano de investimento para a agropecuária sustentável.
“Queremos aproveitar os mercados financeiros e domésticos ainda com muita liquidez. Existem trilhões de dólares e reais em busca de boas alternativas de investimento, melhores retornos e riscos menores. O nosso agronegócio oferece, com certeza, essas oportunidades”, ressaltou a ministra.