Agro em Campo

Evolução da agricultura e do futebol aconteceram de forma simultânea no Brasil

Durante a década de 1970, o país começou a trilhar caminhos frutíferos com a formação da Embrapa e tricampeonato mundial

A evolução da agropecuária e da seleção brasileira aconteceram de forma quase simultânea. Em 1958, na Suécia, e em 1962, no Chile, o mundo foi apresentado a dois gênios da bola. Com Pelé e Garrincha, o Brasil conquistou suas duas primeiras copas do mundo e entrou definitivamente para o mapa do futebol mundial.

Nessa época, em outro campo, o Brasil perdia de goleada. Nossa agricultura era basicamente de subsistência, usava pouquíssima tecnologia e éramos obrigados a importar alimentos. 

O combate à fome era um desafio global, os países desenvolvidos decidiram então investir na produção de alimentos. Assim começou a chamada Revolução Verde, um processo de modernização no campo, com a chegada de insumos, maquinários e tecnologias, que alterou profundamente o cenário agrícola do país.

Avanço tecnológico

A evolução tecnológica aconteceu também na história das copas. No mundial de 1970, disputado no México, o torcedor brasileiro pôde assistir aos jogos ao vivo pela televisão e a cores. Durante o torneio, o mundo inteiro se encantou com o futebol apresentado pela chamada Seleção Canarinho na conquista do tricampeonato mundial.

Na agricultura, a década de 1970 também foi muito importante devido à criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), responsável por agrupar todo conhecimento adquirido em campo e transformá-lo em produção e produtividade.

Foto: Embrapa

“O cerne da revolução agropecuária brasileira tem três grandes pilares: transformar solos extremamente pobres em aptos para cultivos agrícolas, a tropicalização da genética, seja de plantas, seja de animais e a transformação de um sistema de produção baseado exclusivamente em tecnologias vindas de outros países num sistema de produção de agricultura tropical. o sistema plantio direto, a rotação de cultura e hoje aquele que é o camisa 10 do nosso sistema de produção agroalimentar que é a integração lavoura, pecuária e floresta”, avalia o chefe-geral da Embrapa, Gustavo Spadotti.

Protagonismo

Após os anos 1970, enquanto a agricultura brasileira crescia a passos largos, tendo a soja como carro-chefe, a seleção brasileira de futebol estagnou. Foram 24 anos de frustrações, até uma nova conquista, em 1994 nos Estados Unidos, capitaneada pelo baixinho Romário. A quinta conquista mundial veio apenas oito anos depois, em 2002, na Coreia e no Japão, quando o Brasil se tornou o único país pentacampeão mundial de futebol e já era um dos principais produtores de alimentos do mundo. 

Em apenas três décadas, a produção de grãos cresceu 262%, saltando de 47 milhões de toneladas em 1976 para 123 milhões de toneladas em 2002, enquanto a área plantada aumentou apenas 17% no mesmo período, de 37 milhões de hectares para quase 44 milhões de hectares.

Hoje, o Brasil se destaca na produção e exportação de soja, milho, café, algodão, cana-de-açúcar e carnes, com o agro representando quase 30% do PIB brasileiro, a partir de práticas sustentáveis como plantio direto, fixação biológica de hidrogênio, integração lavoura, pecuária e floresta e manejo integrado de pragas.

A próxima safra de grãos deve superar 300 milhões de toneladas, seis vezes o volume de 50 anos atrás, fruto da ciência, mas também da competência do produtor. Atualmente, dá para dizer com certeza: a nossa agricultura e a nossa seleção são referência para o mundo e motivo de orgulho para nós, brasileiros.