Agroindústria brasileira cai 3,3% no primeiro semestre

Queda na produção de derivados agrícolas é o principal motivo, segundo o IBGENos seis primeiros meses de 2011, a agroindústria brasileira recuou 3,3% ? resultado inferior ao obtido em igual período de 2010 (6,0%) e abaixo do esperado pela indústria geral no primeiro semestre do ano (1,7%).

A redução se deu em virtude da retração nos derivados da agricultura (-4,7%), principalmente da baixa dos produtos à base de cana-de-açúcar (- 25,4%). O setor perdeu produtividade por conta de problemas climáticos e da falta de investimentos na renovação do plantio durante o período da crise econômica internacional.

Outra contribuição negativa relevante veio dos defensivos agropecuários (-26,7%), afetados pelo aumento das importações, que foram estimuladas pela baixa cotação do dólar no primeiro semestre.

Os setores vinculados à agricultura (-3,1%), de maior peso na agroindústria, apresentaram desempenho abaixo dos associados à pecuária, que cresceram 1,0%. O grupo inseticidas, herbicidas e outros defensivos para uso agropecuário decresceu 26,7%, pressionado negativamente pelo aumento das importações, enquanto o segmento de madeira avançou 5,3%.

Apesar da queda dos derivados da agricultura no primeiro semestre de 2011 (-4,7%), a previsão para a safra de grãos deste ano, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), é de cerca de 158,8 milhões de toneladas, resultado 6,2% superior à safra recorde de 2010 (149,6 milhões de toneladas).

Em relação ao setor externo, segundo estatística do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, elaborada com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC), as exportações do agronegócio no primeiro semestre de 2011 totalizaram 43,2 bilhões de dólares, aumento de 23,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Conforme dados da SECEX, o volume exportado cresceu nos seguintes produtos da agroindústria: pedaços e miudezas de aves (8,4%), carne de aves não cortadas em pedaços (4,1%), couros e peles de bovinos (9,4%), óleo de soja em bruto (28,1%) e bagaços e outros resíduos da extração do óleo de soja (8,4%). Por outro lado, registraram queda as exportações de açúcar (-10,4%), álcool (-17,7%), carnes de bovinos congeladas (-16,7%), carne de suínos congeladas (-1,1%), celulose (-1,5%), fumo (-8,2%) e grãos de soja triturados (-2,0%).

Derivados da cana-de-açúcar impulsionam queda

O setor de produtos industriais derivados da agricultura recuou 4,7% no semestre, com resultados negativos em quatro dos oito subsetores pesquisados. A redução dos subprodutos da cana-de-açúcar (-25,4%) deveu-se tanto à queda do açúcar cristal (-24,8%), como da de álcool (-27,7%). Além disso, foram afetados pela menor safra, por conta não só das condições climáticas desfavoráveis (seca no período de crescimento da planta e excesso de chuva que causou o atraso da colheita), como também pela redução dos investimentos na renovação dos canaviais (em função da crise financeira internacional que provocou perda de produtividade).

Outras contribuições negativas vieram do trigo (-1,8%), do milho (-0,9%) e da laranja (-59,7%). Já as expansões foram assinaladas pela soja (1,4%), celulose (1,5%), fumo (7,0%) e arroz (17,9%).

Estabilidade na pecuária

Os produtos industriais derivados da pecuária ficaram praticamente estáveis (-0,1%). Os provenientes de aves aumentaram 0,5%, sustentados tanto pelo mercado interno e externo. Bovinos e suínos apresentaram incremento de 1,4%; subsetor de couros e peles mostrou expansão de 5,3%, apoiado no aumento das exportações. Em sentido oposto, a única retração foi observada pelo leite (-4,3%), afetado pela estiagem e pelas baixas temperaturas em importantes regiões produtoras que prejudicaram as pastagens e causaram queda na produtividade.