A Bolívia é um país dividido pela parte ocidental, onde se concentra o poder ? tendo como referência a capital La Paz ? , e a parte oriental onde está o setor produtivo. O Estado de Santa Cruz se destaca na produção de grãos e na pecuária. A capital, Santa Cruz de La Sierra, recebe por ano 80 mil novos habitantes que vêm de outras regiões do país em busca de um futuro melhor. O agronegócio responde por 14% do PIB do país, gera 50% do emprego, mas mesmo assim não está nos planos de investimento do presidente boliviano.
A vice-presidente da Câmara Agropecuária Oriental de Santa Cruz, Piedades Roca, confirma a situação.
? Definitivamente, nestes últimos tempos temos sofrido a falta de apoio do governo central. Sentimos a falta especialmente de combustível, que é essencial para que possamos desenvolver as atividades. Por outro lado, vemos que não existem políticas de apoio para setor produtivo, isto é um grande inconveniente que enfrentamos ano após ano. Mesmo assim, nós, produtores, seguimos apostando na Bolívia e seguimos apostando pelo desenvolvimento produtivo ? disse Piedades.
A indústria de óleo vegetal não pôde exportar no último ano e só a diferença de preço do girassol, por exemplo, entre os mercados interno e internacional deixou de circular na economia de Santa Cruz mais de 100 milhões de dólares. A falta de uma política econômica para o setor trouxe instabilidade e prejuízos.
O sentimento no campo é o mesmo, mas os produtores continuam investindo e apostando em um futuro melhor.
? Lamentavelmente, o governo atual não compreende a importância do setor produtivo e não está definindo políticas públicas adequadas que são fundamentais para estimular o crescimento do setor. Apesar desta situação, continuamos investindo e acreditando que a única maneira de vencer a crise e a pobreza é produzindo ? concluiu o pecuarista Luís Saavedra.