Paste this at the end of the

tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Agricultura

Agronegócio tenta manter desconto em conta de luz de produtores rurais

Após diminuição dos subsídios, o setor tem atuado no Executivo e no Congresso para retomar a dedução nas tarifas, que varia de 10% a 30%

pivô
Foto: Wenderson Araujo/CNA

O agronegócio se movimenta para reverter o fim do subsídio de R$ 3,4 bilhões por ano dado ao setor em descontos nas contas de luz. O fim do benefício, cujo impacto é rateado nas contas de eletricidade de todos os consumidores do país, foi um dos últimos atos do governo anterior. Mas o setor tem atuado no Executivo e no Congresso para retomar o subsídio, que garante um desconto nas tarifas que varia de 10% a 30%.

Um decreto presidencial publicado no dia 28 de dezembro pelo ex-presidente Michel Temer determinou a redução dos descontos para a produtores rurais em 20% ao ano, até chegar a zero daqui a cinco anos.

Além disso, a medida impediu que agricultores que usam serviços de irrigação, que têm descontos assegurados por lei, continuassem acumulando os dois benefícios durante essa transição. Apenas o benefício aos agricultores foi retirado, pois havia sido concedido via decreto. O desconto aos irrigantes, dado por lei, foi mantido – ele varia de 60% a 90%, dependendo da classe e do horário do consumo.

Os descontos para agricultores representam quase 17% do total de subsídios embutidos nas tarifas de energia, que totalizam R$ 20,2 bilhões. Neste ano, começariam a ser reduzidos em R$ 684,9 milhões. Cada consumidor rural paga, em média, R$ 47,88 a menos do que deveria, e esse valor é repassado na conta de luz dos demais consumidores, que têm que pagar a mais para compensar esse benefício.

Mal havia assumido a Presidência, o presidente Jair Bolsonaro foi procurado por representantes do setor agrícola que pediram a revisão do decreto. O vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) e deputado estadual eleito pelo PSL paulista, Frederico D’Avila, disse ter conversado pessoalmente com o presidente, que teria garantido que iria analisar o pedido dos produtores.

‘Revogaço’

A expectativa do setor era de que a medida entrasse no ‘revogaço’ prometido pelo Planalto de medidas tomadas nas últimas semanas do governo anterior. “Se esse valor não for bancado pelas contas de luz, o repasse vai acabar chegando na cesta básica. Isso é pior, porque os brasileiros mais pobres é que serão penalizados”, argumenta D’Ávila.

O agronegócio também procurou os ministérios na tentativa de reaver os subsídios. O decreto foi tema de reunião no Palácio do Planalto. Técnicos dos Ministérios da Economia e de Minas e Energia defenderam a medida. Eles alegaram que a revisão do orçamento dos subsídios foi determinada por lei, depois que o Tesouro Nacional deixou de bancar os benefícios.

Além disso, lembraram que o Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou ações efetivas do governo nesse sentido. O pedido do setor para retomar os descontos, porém, conta com o apoio dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Regional.

Com poucas esperanças de reverter o decreto no Executivo, o setor também se movimentou no Legislativo. O deputado Heitor Schuch (PSB-RS) apresentou um projeto de decreto legislativo para suspender os efeitos o decreto de Temer. A Câmara pode votar o pedido de urgência para apreciar a proposição do deputado. “A agricultura familiar precisa ser incentivada sob pena de desaparecer, comprometendo a segurança alimentar no país”, justifica o deputado.

O assessor técnico da Comissão Nacional de Irrigação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Gustavo Goretti reconhece que os subsídios no setor elétrico atingiram patamares muito elevados e geraram preocupações no governo.

Na avaliação de Goretti, porém, a energia fornecida aos agricultores tem qualidade inferior e exige investimentos dos próprios produtores para que seja entregue.

CNA quer fim de decreto que pode aumentar conta de luz rural em até 43%

Sair da versão mobile