Diversos

Abitrigo lamenta aprovação de farinha produzida com trigo transgênico

O Brasil é o maior mercado importador do cereal produzido na Argentina; entidade diz que vai recorrer da decisão

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) lamentou a aprovação da utilização da farinha de trigo argentina produzida a partir de cereal geneticamente modificado no Brasil. A Comissão Nacional de Biossegurança aprovou nesta quinta-feira (11) a liberação de importação a partir de uma solicitação apresentada pela empresa argentina Bioceres, detentora da tecnologia.

A aprovação do produto de trigo transgênico da Argentina, tolerante à seca e a um herbicida amplamente aplicado, foi a primeira desse tipo no mundo.

plantação de trigo
Foto: Bruno Marcolin/ Arquivo pessoal

Segundo a Abitrigo, em nota assinada pelo presidente executivo da entidade, Rubens Barbosa, “apesar da forte rejeição do mercado internacional nos últimos 20 anos, lamentavelmente o Brasil passará a ser conhecido como o primeiro país a aprovar a utilização de trigo transgênico no mundo”.

A decisão, para a Abitrigo, é carregada de incertezas no âmbito dos desdobramentos perante o mercado e a comunidade internacional e teria sido tomada sem maior estudo sobre condições de mercado e de comportamento do consumidor. “Não foram poucas as tentativas da Abitrigo de sensibilizar o poder público sobre os riscos desta decisão, no sentido de que o processo de análise considerasse o desejo do consumidor brasileiro e as consequências sobre a cadeia do trigo no Brasil”, disse a nota.

A entidade considera que não se pode ignorar o eventual impacto sobre as exportações brasileiras de produtos derivados (massas, biscoitos e pães) e desdobramentos imprevisíveis sobre a imagem do agronegócio nacional.

Por fim, a Abitrigo disse que solicitará à Casa Civil da Presidência da República a convocação imediata do Comitê Nacional de Biossegurança, composto por vários ministros, para que sejam analisadas, de forma mais
abrangente, as implicações da presença de trigo transgênico da Argentina sobre o mercado brasileiro.

“A Abitrigo analisará a tomada de medida cautelar para suspender a implementação da decisão da CTNbio até o pronunciamento do Comitê Nacional de Biossegurança”, finalizou a nota.

O Brasil é o maior mercado importador do trigo produzido na Argentina.