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COP26

Acordo entre China e EUA reacende expectativas de ações efetivas sobre mudança climática

Maiores emissores de gases de efeito de estufa do mundo, os dois países anunciaram acordo bilateral na Conferência das Nações Unidas

Os maiores emissores de gases de efeito de estufa do mundo, a China e os Estados Unidos (EUA), anunciaram nas últimas horas, durante os trabalhos da COP26, em Glasgow, na Escócia, um acordo bilateral que reacendeu alguma esperança a dois dias do fim da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU). Trata-se de uma declaração conjunta sobre o reforço da ação climática.

“O documento contém declarações fortes sobre estudos alarmantes de cientistas, a redução das emissões de carbono e a necessidade urgente de acelerar ações para chegar lá”, afirmou à imprensa o enviado especial dos EUA, o antigo candidato presidencial John Kerry, acrescentando que as duas potências se “comprometem com uma série de ações importantes para esta década, no momento em que elas são necessárias”.

“Podemos comprometer-nos todos com a via de um desenvolvimento verde, com baixas emissões de carbono, e duradouro”, disse o presidente da China, Xi Jinping, que falou em videoconferência, paralelamente à Cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec). Xi Jinping. Ele não fez, no entanto, qualquer referência direta ao entendimento com os Estados Unidos, firmado em Glasgow.

Segundo o enviado chinês à COP26, o compromisso resultou de quase três dezenas de reuniões ao longo dos últimos dez meses.

De acordo com a ONU, o mundo segue uma trajetória “catastrófica” rumo a um aquecimento de 2,7 graus Celsius até o fim do século, que levará a um conjunto de fenômenos climáticos progressivamente devastadores. Na prática, na declaração conjunta, chineses e norte-americanos comprometem-se a fazer mais para travar o aquecimento global. Eles não dão detalhes de ações precisas: prometem, por exemplo, “tomar medidas reforçadas para erguer as ambições durante o ano de 2020” e renovar o compromisso com as metas do Acordo de Paris, para uma subida da temperatura planetária “bem aquém” de 2°C em relação à época pré-industrial e, “se for possível”, atingir e solidificar 1,5°C.

As delegações de Pequim e Washington comprometeram-se também a trabalhar, ainda em Glasgow, para um resultado “ambicioso, equilibrado e inclusivo sobre o atenuar [das emissões poluentes], a adaptação e o apoio” aos países menos desenvolvidos.

Xi Jinping e o presidente norte-americano, Joe Biden, planejam manter conversações, por videoconferência, na próxima semana.

“Passo importante”

Foi “um passo importante na direção certa”. Assim reagiu o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, no momento do anúncio do entendimento sino-americano.

“Para lá da COP, é importante para o mundo”, reagiu por sua vez Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, em declarações à agência France Presse.

As reações ao compromisso entre norte-americanos e chineses são cautelosas. Se a ONU e a União Europeia (UE) acenam ao que consideram um entendimento encorajador, organizações não governamentais consideram-no escasso. A organização não governamental (ONG) Greenpeace diz que é necessário que as duas maiores potências internacionais demonstrem maior empenho.

Citada pela BBC, a diretora da organização norte-americana WWF sustentou que o anúncio do entendimento veio trazer “nova esperança” quanto à meta de um aquecimento limitado a 1,5°C. Destacou que é preciso clareza “sobre o que ainda é exigido a ambos os países em relação à redução de emissões nos próximos nove anos”.

O ex-primeiro-ministro australiano Kenin Rudd, que coordena a Sociedade Asiática dedicada às alterações climáticas, quis deixar claro que, no seu entender, o acordo entre chineses e norte-americanos não é uma inversão completa de marcha, mas um passo largo: “O atual estado da geopolítica entre China e Estados Unidos é terrível, por isso o fato de se poder extrair esse acordo entre Wahington e Pequim é significativo”.

Em síntese, o principal negociador chinês, Xie Zhenhua, disse haver, a esta altura, “mais acordo do que divergências” entre as duas potências.

Vale lembrar que a China se recusou a assinar um acordo, no início desta semana, para limitar o metano, optando por prometer um “plano nacional” para agir sobre a questão.

Novo esboço

Um novo esboço da declaração final da COP26 já está circulando, embora ainda esteja em negociação.

Ao fim de dez dias de conversações, as delegações enviadas à Escócia chegaram a um projeto de conclusões “praticamente final”, segundo o presidente da cúpula que se pronunciou num dia de trabalhos dedicados às cidades e regiões. Alok Charma apelou à “abertura e flexibilidade” por parte dos negociadores, embora tenha reconhecido que subsiste “uma montanha para escalar”.

No projeto de conclusões, os países são chamados a fortalecer os cortes de carbono até o fim de 2022. O documento reitera o compromisso com as nações mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global.

O encerramento do encontro em Glasgow está previsto para esta sexta-feira (12), embora as negociações possam ainda continuar.

Penúltimo dia

Com o calendário oficial dos trabalhos a se esgotar, os debates desta quinta-feira abordam temas como crise climática e direitos das crianças, promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). À mesa permanecem assuntos como utilização de combustíveis fósseis e a ação sobre a a Amazônia.

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas e ativistas participam na Escócia da COP26.

Há seis anos, o Acordo de Paris fixou como meta de limite do aumento da temperatura média da Terra entre 1,5°C e 2°C acima dos valores da época pré-industrial. Em 2020, ano da eclosão da pandemia de covid-19, as emissões de gases de efeito estufa registraram recordes históricos.

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