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NOS ESTADOS UNIDOS

Carne criada em laboratório pode ser produzida e vendida

Apesar dessa decisão histórica, ainda levará anos até que a população dos EUA possa adquirir esse tipo de carne nos supermercados

Numa decisão inovadora, os Estados Unidos deram permissão a duas empresas para comercializar carne de frango produzida a partir de células animais, abrindo caminho para o consumo de proteína cultivada em laboratório.

De acordo com um porta-voz do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as instalações da Upside Foods e da Good Meat passaram por uma revisão e aprovação dos seus sistemas de segurança alimentar.

Ambas as empresas afirmaram que seus produtos estarão em breve disponíveis em determinados restaurantes.

Em novembro, as duas companhias já haviam recebido aprovação da FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA), e na semana passada o Departamento de Agricultura também deu sua aprovação aos rótulos dos produtos, garantindo sua confiabilidade.

Os defensores de proteínas alternativas, incluindo as empresas Upside Foods e Good Meat, que buscavam a aprovação federal, comemoraram a aprovação.

Na visão das empresas, a aprovação representa uma vitória fundamental para a indústria da carne e o sistema alimentar em geral, em um momento em que cresce a preocupação com o impacto ambiental da produção tradicional de carne e o tratamento dado aos animais envolvidos.

“A aprovação mudará fundamentalmente a forma como a carne chega às nossas mesas. É um passo gigantesco em direção a um futuro mais sustentável, que preserva a escolha e a vida”, declarou a Uma Valeti, diretora-executiva e fundadora da Upside Foods, em comunicado.

Essa decisão tornará os Estados Unidos o segundo país, depois de Cingapura, a autorizar a produção e comercialização de carne cultivada em laboratório.

Como a carne de laboratório é produzida?

A carne cultivada em laboratório tem início com a obtenção de células de um animal.

Essas células são então nutridas com água, sal e nutrientes como aminoácidos, vitaminas e minerais.

As células se multiplicam em grandes tanques chamados cultivadores ou biorreatores.

Após a colheita, o produto se assemelha a carne moída e pode ser transformado em hambúrgueres, salsichas ou filés. Essa carne não contém ossos, penas, bicos ou cascos, e não requer abate.

As empresas Upside Foods e Good Meat se recusaram a divulgar sua capacidade de produção atual.

Os defensores da carne cultivada argumentam que ela traz benefícios ambientais, de segurança alimentar e bem-estar animal.

No entanto, os céticos têm preocupações quanto aos riscos científicos e de segurança, além de questionarem a comprovação dos supostos benefícios ambientais.

Ainda existem desafios a serem superados em relação à produção em larga escala para consumo massivo.

Em 2022, o setor foi avaliado em cerca de US$ 247 milhões (R$ 1,1 bilhão) e a consultoria McKinsey & Company projeta que poderá chegar a US$ 25 bilhões (R$ 119 bilhões) até 2030.

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