A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia inaugurou uma estação quarentenária em Brasília nesta quarta-feira (24). Os laboratórios da unidade irão analisar pragas que possam apresentar risco de entrar no território nacional, como insetos, ácaros, fungos, bactérias, nematoides, plantas infestantes e vírus.
A Estação Quarentenária compreende três casas de vegetação e 11 laboratórios com mais de 200 equipamentos para análises de pragas. Possui sala de caldeiras, incinerador e salas para tratamento fitossanitário, desinfecção e destruição de material quarentenário.
A ministra Tereza Cristina participou da inauguração e destacou a importância da pesquisa científica para garantir um diferencial à agropecuária brasileira e evitar que pragas e doenças entrem no nosso território e possam prejudicar as safras. “A cada dia a Embrapa se torna mais necessária, precisa se tornar mais moderna, ter mais inteligência estratégica, porque a geopolítica do mundo está mudando constantemente. Precisamos de vocês para antecipar as mudanças que estão ocorrendo no mundo para tornar a agricultura mais sustentável”, disse.
O secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal, afirmou que a estação permitirá a ampliação das análises de produtos vegetais. “A pesquisa poderá avançar com mais agilidade, mas com toda a segurança em relação à sanidade vegetal”.
De acordo com o presidente da Embrapa, Celso Moretti, os prejuízos econômicos causados pela entrada de uma praga são enormes. Segundo ele, em 2013, o surgimento no país da lagarta Helicoverpa armigera causou danos de cerca de US$ 1,7 bilhão aos cofres nacionais.
“A quarentena de plantas abrange ações voltadas a prevenir a introdução e disseminação de pragas agrícolas e, por isso, é prioridade para a Embrapa desde a sua criação, na década de 1970, porque sempre consideramos esse trabalho estratégico para a segurança nacional do país, justamente porque está diretamente relacionado com a segurança alimentar da população”, afirmou Moretti.
Análise de materiais
De acordo com a chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Cleria Inglis, a estação vai ampliar a análise quarentenária de materiais genéticos que entram no país para fins de pesquisa. Ela mencionou que a equipe também realiza treinamentos para instituições pertencentes ao Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária e para técnicos dos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária do Mapa, em especial na identificação de pragas quarentenárias presentes e ausentes no país.
Existem atualmente cerca de 500 pragas quarentenárias oficialmente reconhecidas como ausentes no território brasileiro, que incluem insetos, ácaros, nematoides, fungos, vírus e bactérias, com uma característica comum: são exóticas, não existem no país e, por isso, não há formas conhecidas para combatê-las.
Segundo o Mapa, a priorização das pragas quarentenárias é importante porque permite desenvolver um trabalho mais específico para evitar a sua entrada no Brasil. Ou na adoção de medidas para sua erradicação e controle, quando já identificada em alguma parte do país.
A equipe da Estação Quarentenária, formada por mais de 16 profissionais, entre pesquisadores, analistas e estagiários da Embrapa, ao longo dos últimos 44 anos conseguiu interceptar mais de 86 pragas, que poderiam ter causado danos produtivos e econômicos para o Brasil, lembra o Mapa. Entre 2015 e 2019, foram interceptadas 14 pragas (quarentenárias ou exóticas), entre os mais de 374 processos recebidos (287 pedidos de importação com 16.277 acessos e 87 pedidos de exportação com 584 acessos).