No Brasil, os fretes do agronegócio aumentaram 35,2% em relação aos primeiros três meses de 2021.
O dado faz parte da 7ª edição do “Relatório Fretebras — O Transporte Rodoviário de Cargas”, da Fretebras, com base na análise de 2,2 milhões de fretes publicados no primeiro trimestre deste ano.
O relatório revela que 37% das cargas registradas na plataforma da Fretebras entre janeiro e março vieram do agronegócio, que movimentou cerca de R$ 6,7 bilhões em fretes no período.
Os estados que concentraram a maior parte das viagens para atender o segmento foram Rio Grande do Sul (15,7%), Mato Grosso (12,4%) e São Paulo (11,9%).
Os produtos mais transportados foram fertilizantes (23%), soja (13%) e milho (13%).
De acordo com a Associação Brasileira de Transportes Aquaviários (ANTAQ), entre janeiro e fevereiro deste ano, foram movimentadas mais de 179 milhões de toneladas de cargas pelos portos do Brasil, o que refletiu diretamente no transporte das cargas pelas nossas estradas.
Para entender esse impacto, o relatório da Fretebras analisou a movimentação de fretes nos portos de Paranaguá-PR, Rio Grande-RS e Santos-SP, que juntos representam cerca de um quarto de toda a carga que entra e sai do Brasil.
O Paraná sempre foi o estado mais representativo no transporte de fertilizante, justamente pelo alto volume de importações realizadas pelo porto de Paranaguá.
Porém, a representatividade do estado caiu 9,7 pontos percentuais (de 28,9% para 19,2%) no primeiro bimestre de 2022 na plataforma da Fretebras.
Este fato curioso fez com que, nesta edição do Relatório, a startup aprofundasse as análises e identificasse uma nova força nos transportes de fertilizantes: Minas Gerais.
O estado mineiro, por deter uma das três principais jazidas de potássio do Brasil e ter inaugurado uma nova fábrica de fertilizantes, registrou, no período, aumento de 6 p.p. na sua representatividade dos fretes de fertilizante na plataforma, chegando ao mesmo patamar do Paraná (19%).
O crescimento no volume de fretes do produto foi de 63,2%, no 1º bimestre.
Já no caso das exportações, a soja e o trigo tiveram destaque.
A alta do dólar e o aumento do preço das commodities no exterior fazem com que a exportação da soja seja muito atraente e uma possível via para compensar a quebra da safra no início do ano, por conta dos impactos do clima na produção.
A oleaginosa foi o principal item escoado pelo porto paranaense e registrou um aumento de 130% no volume de fretes, na plataforma da Fretebras. No porto santista, o aumento foi de 182% no período, em comparação com o ano anterior.
Sobre o trigo, a redução das safras dos EUA, Rússia e Canadá, seguidas da guerra entre Rússia e Ucrânia, fizeram com que o preço da commodity aumentasse, tornando a exportação como caminho mais atrativo para o produtor. Com isso, entre janeiro e fevereiro deste ano, os embarques de trigo cresceram 184%, um recorde para o período, e a receita com as exportações aumentou quase 300%.
Na plataforma da Fretebras, o trigo se destacou no porto de Rio Grande, com um aumento incrível de 11.289%, totalizando 18.627 fretes no primeiro bimestre de 2022.
“Esta edição do Relatório Fretebras identificou uma nova dinâmica que seguramente impactará o agronegócio brasilerio: a distribuição dos fertilizantes. Movimentos que começaram no ano passado e que se intensificam com a guerra da Ucrânia, mostram que o Brasil está buscando a autossuficiência, além de outros parceiros comerciais além da Rússia. Outro destaque importante, foi a produção e exportação do trigo. Com o cenário da guerra, o preço da commodity aumentou exatamente depois de uma produção recorde no passado, fazendo com que a exportação fosse mais atrativa”, declara o diretor de Operações da Fretebras, Bruno Hacad.