Grupos de agricultores e consumidores alertam que a fusão entre Bunge e Viterra, gigantes do setor agrícola no comércio de grãos, pode diminuir a concorrência.
Eles temem que o negócio deixe os agricultores com menos alternativas para vender suas safras, além de aumentar os preços dos alimentos para os consumidores.
No entanto, para o acordo ser concluído, será necessária a aprovação regulatória nos mercados internacionais.
Especialistas acreditam que o Canadá e a Argentina podem representar obstáculos para a aquisição.
Segundo analistas do JPMorgan, quase 60% das instalações de processamento e refino da Viterra estão localizadas na América do Sul, principalmente na Argentina.
A Bunge tem presença significativa no continente, principalmente no Brasil.
Para a presidente do American Antitrust Institute, Diana Moss, o acordo entre Bunge e Viterra pode deixar os agricultores com menos compradores competindo pela venda de seus grãos, o que levaria à redução dos preços, enquanto os custos de serviço poderiam aumentar.
Eventualmente, segundo ela, isso levaria a preços mais altos de alimentos para os consumidores.
O acordo de US$ 8,2 bilhões para aquisição da Viterra, anunciado na semana passada, une as duas maiores operadoras globais de portos de embarque de grãos e fábricas de processamento de safras.
O negócio ainda deve tornar a Bunge a segunda maior empresa do agronegócio do mundo, com receita superior a US$ 110 bilhões, ficando atrás apenas da Cargill.
Para a Bunge, incorporar as operações da Viterra melhorará a cadeia de abastecimento na compra e venda de safras para os agricultores.
O CEO da Bunge, Greg Heckman, disse que a Viterra tem uma ampla rede de distribuição de grãos nos Estados Unidos e Canadá que pode ser utilizada para abastecer os portos costeiros da Bunge para exportação e plantas de processamento de óleos vegetais, biocombustíveis e ração animal.