INSEGURANÇA

Marco temporal: no RS, produtores temem não poder continuar na atividade

O adiamento da decisão do Congresso Nacional sobre o marco temporal tem gerado apreensão entre os produtores rurais do Rio Grande do Sul

O adiamento da decisão do Congresso Nacional sobre o marco temporal, que define os critérios para demarcação de terras indígenas, tem gerado apreensão entre os produtores rurais do Rio Grande do Sul, especialmente na região norte do estado. Muitas propriedades, contestadas por povos indígenas, estão sob a posse das famílias há mais de cem anos, e o futuro dessas áreas se tornou uma incógnita.

Fernando Dalzotto, produtor rural da região, expressou suas preocupações em relação ao possível derrubamento do marco temporal. Ele destacou os investimentos significativos realizados em sua propriedade, enfatizando a incerteza em relação ao futuro da atividade agrícola e o temor de perder o que foi construído ao longo de décadas.

Outro produtor, Dionísio Gempka, que possui terras com escritura datada do início do século 20, relatou as noites sem dormir diante da incerteza sobre o que acontecerá com sua propriedade. Ele ressaltou que a área é produtiva e contestou a ideia de improdutividade, argumentando que o investimento na propriedade torna-se inviável diante da insegurança jurídica.

A situação também é preocupante para Luiz Bierende, cuja propriedade, com terras produtivas, está na sexta geração da família. Com 90 anos, Luiz viu as lavouras serem semeadas pelo avô que veio da Alemanha. Ele expressou o desejo de permanecer na terra, ressaltando a importância de valorizar os produtores de alimentos.

O advogado Luiz Valdemar Albrecht explicou as nuances legais do Marco Temporal e como sua derrubada poderia afetar as propriedades, passando-as para povos indígenas. Por outro lado, Zilmar Bogoni, vice-presidente da Associação dos Produtores de Sananduva e Cacique Doble, destacou a importância de reconhecer o papel dos produtores na produção de alimentos e pediu a manutenção do Marco Temporal.

A insegurança persiste entre os produtores gaúchos, que aguardam ansiosos pela definição do Congresso Nacional sobre essa questão fundamental para o futuro de suas propriedades.

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