Agricultura

Microrganismos são capazes de controlar a tolerância à seca das plantas

Cientistas demonstram que plantas inoculadas com microrganismos ajudam a controlar o fluxo hídrico e a temperatura das folhas em até quatro graus de diferença, aumentando a tolerância à seca

Plantas se mostraram mais resistente à seca após microrganismos ajudarem a controlar o fluxo hídrico. Através de um estudo conduzido pelo Centro de Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), demonstrou que microrganismos podem reduzir em até quatro graus a temperatura foliar de plantas de milho submetidas a altas temperaturas.

Sistema de monitoramento acoplado às plantas para coleta de parâmetros fisiológicos em tempo real – Foto: Jaderson S. Armanhi

Através da coleta de dados, a pesquisa mostra que os microrganismos ajudam a controlar o fluxo hídrico da planta e, portanto, a tolerância à seca.

Os pesquisadores ressaltam que as plantas inoculadas com microrganismos e as não inoculadas apresentam a mesma performance e produtividade quando estão em condições normais de irrigação. Contudo, quando se apresenta em quadro de escassez hídrica, as plantas inoculadas apresentam produtividade três vezes superior. “O aquecimento excessivo leva a disfunções das proteínas e outras moléculas das plantas, prejudicando seu crescimento. A comunidade de microrganismos sintéticos funciona como um ‘antitérmico’ da planta”, ilustra Paulo Arruda, professor da Unicamp e coordenador do Centro.

“Vemos a inoculação como um ‘seguro’ da planta no caso de seca extrema. Diante do cenário de escassez hídrica, os microrganismos selecionados com base em sua robustez foram capazes de garantir a saúde da planta e reduzir as perdas ocasionadas pela falta de água”, diz o biólogo molecular Jaderson Armanhi, pesquisador do GCCRC e autor do estudo.

Para se coletar os dados da pesquisa, os cientistas construíram uma plataforma de sensores capazes de medir temperatura, fluxo de água, fotossíntese e vários outros parâmetros das plantas e do ambiente em tempo real. “Utilizamos múltiplos sensores não invasivos acoplados às plantas, sensores ambientais e câmeras fotográficas; todos com pontos de coletas de dados simultâneos”, conta Armanhi.

Sensor para o monitoramento da temperatura foliar usado na plataforma de fenotipagem de plantas – Foto: Jaderson S. Armanhi

A pesquisa abre para o desenvolvimento de novas biotecnologias agrícolas que podem garantir a segurança alimentar durante a transição para uma economia de baixo carbono.