No início da última semana, começaram em Campinas, no interior de São Paulo, as aulas práticas dos servidores do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) que estão aprendendo a pilotar drones. Esses instrumentos não tripulados serão utilizados para auxiliar nas auditorias, fiscalizações e inteligência.
As aulas teóricas começaram em março, de forma remota. Ao todo, quatro turmas com 25 servidores cada terão aulas presenciais até o dia 1º de setembro, sempre em Campinas (SP).
A abertura do curso prático contou com a participação da superintendente de Agricultura e Pecuária no Estado de São Paulo, Andréa Moura, do chefe da Divisão de Defesa Agropecuária, Danilo Kamimura, e do organizador do curso, Lucas Fernandes de Souza.
Andréa Moura afirmou que o Mapa de hoje é muito diferente do que era há 15 anos, e a forma de fiscalização também mudou. “Temos que acompanhar a evolução tecnológica”, disse ela.
O auditor fiscal federal agropecuário Fábio Bessa, do Vigiagro do Maranhão, afirmou que a tecnologia dos drones traz para o Mapa “um mundo que ainda não descobrimos”.
Segundo ele, os drones serão a extensão dos olhos do auditor fiscal. “Você consegue ver ângulos, registrar vídeos e fotos de lugares onde uma pessoa não conseguiria ir. Ou, se fosse, seria muito perigoso.”
A auditora fiscal Scheila Silva, que trabalha na regional de Sorocaba (SP), disse que os drones poderão ser muito úteis em duas áreas em que ela atua: fiscalização de organismos geneticamente modificados (OGMs) e monitoramento de pragas.
“O sobrevoo das áreas de produção vai facilitar a detecção de plantas sintomáticas e a coleta direcionada, otimizando nosso tempo e nossos recursos”, afirmou. Essa otimização tem sido uma preocupação do Mapa.
O uso de drones na agricultura tem se popularizado nos últimos anos, e não é à toa.
Esses equipamentos permitem a coleta de informações de maneira rápida, precisa e a um custo menor do que os métodos tradicionais. Eles podem ser usados para monitorar áreas agrícolas, identificar doenças e pragas, medir a produtividade das lavouras, entre outras aplicações.
Drones
A proposta do treinamento foi elaborada pela Superintendência de Agricultura e Pecuária de São Paulo (SFA-SP), que recebeu sete drones e câmeras de alta resolução apreendidos pela Receita Federal. Os equipamentos serão utilizados na fiscalização da defesa agropecuária no Estado de São Paulo.
Os instrumentos são novos e estão totalmente desmontados. É necessário conhecimento técnico específico para sua montagem e utilização. “Os drones são versáteis e cada dia mais surgem novas aptidões. No campo da fiscalização, por exemplo, podem otimizar as atividades, auxiliando os fiscais na apuração de ilícitos e evitando a exposição dos servidores a situações de risco”, explicou Uéllen Lisoski Duarte Colatto, chefe de Divisão de Aviação Agrícola do Mapa.
Além de aprender a manusear, fazer ajustes e realizar a manutenção básica, o curso vai incluir o conhecimento sobre as regras para utilização dos equipamentos e dos softwares de imageamento. “Esse conteúdo vai propiciar o uso mais eficiente da ferramenta em diversas áreas de atuação da defesa agropecuária”, afirmou Uéllen.
Por se tratar de uma aeronave, o uso está sob o arcabouço do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil Especial 94, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), sendo necessário treinamento adequado para que sua utilização seja proveitosa e produtiva para o serviço da Defesa Agropecuária. Os recursos para custear a entidade de ensino são do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).