Os preços do milho no mercado interno têm apresentado uma tendência de queda nos últimos 30 dias, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Os valores, que anteriormente estavam em torno de R$ 85 a saca de 60 quilos, agora estão em R$ 68. Essa queda pode ser atribuída à demanda mais fraca, ao bom desenvolvimento da segunda safra e ao aumento do ritmo da colheita da safra de verão.
Segundo o consultor em agronegócio, Carlos Cogo, o milho é um tema que envolve questões de armazenagem, capacidade estática e prêmios.
“É um problema significativo que precisa ser discutido. Além das informações compartilhadas na entrevista anterior, gostaria de destacar que temos uma cotação atual para o milho norte-americano no Golfo dos Estados Unidos a 288 dólares por tonelada, enquanto o argentino no Porto de Rosário está a 258 dólares e o milho brasileiro, com embarque previsto para o próximo mês no Porto de Santos, está a 221 dólares, com um desconto de 68 dólares por tonelada. O prêmio no Brasil está negativo em 36 por bushel. É importante ressaltar que o embarque será em junho e, portanto, a pressão deverá continuar, já que o desconto do milho brasileiro em relação aos concorrentes internacionais neste momento é significativo”, afirma.
De acordo com Cogo, a queda no mercado de milho está se espalhando por todas as regiões, inclusive aquelas que não são produtoras e não têm forte presença na segunda safra.
“Atualmente, temos cotações abaixo de R$ 60 em áreas interiores das regiões Sul e Sudeste, e chegando a cerca de R$ 40 nas proximidades de Sorriso, no médio norte de Mato Grosso. É importante lembrar que o Brasil, assim como ocorre com a soja, torna-se cada vez mais importante na formação dos preços globais do milho, uma vez que é o maior exportador mundial desse produto. Por esse motivo, a queda dos preços globais é influenciada pelo Brasil. Além disso, enfrentamos desafios de infraestrutura, capacidade estática e logística portuária, que se somam à pressão internacional para impactar ainda mais os preços”, diz.
Futuro do mercado de milho
Cogo acredita em sustentação dos preços do milho no segundo semestre deste ano, apesar de uma pressão de baixa no momento.
Ele afirma que os valores do primeiro vencimento estão acima de US$6 por bushel, mas todos os vencimentos do final do segundo semestre e do ano que vem estão na casa dos US$5,55 a US$5,60, firmes e aguardando desdobramento da safra americana nova e da segunda safra brasileira, que deve ser recorde novamente este ano.
Cogo afirma que as margens para os produtores estão bastante achatadas, mas ainda há saúde financeira na margem bruta e líquida, mesmo com a trajetória de queda nos preços.
Projetando para 2024, com base nos preços futuros, a margem já fica na casa de 33%.
Ele também acredita que a queda nos preços não deve influenciar na redução da área de plantio, já que há um horizonte muito bom de demanda interna e o custo da segunda safra de milho é inferior ao da primeira safra.
Segundo Cogo, o Brasil é muito competitivo na segunda safra e deve continuar expandindo a área em 2024.