Apesar da alta dos custos de produção neste ano, produtores brasileiros devem obter na safra 2021/22 um “excelente nível” de rentabilidade, afirmou o presidente da Agroconsult, André Pessôa. O consultor participou na quinta-feira, 25, do 40º encontro da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
“Talvez a rentabilidade fique até um pouquinho acima da safra 2020/21”, disse Pessôa, referindo-se ao dólar valorizado ante o real, preços na Bolsa de Chicago e perspectiva de aumento de área plantada e produção de soja, milho e algodão, divulgada durante o evento online.
O executivo ponderou que os custos de produção do milho segunda safra tendem a ser afetados pela alta dos preços dos fertilizantes e também de alguns defensivos, que tiveram “aumento muito relevante” no segundo semestre deste ano. “Vimos não só os preços subirem, como também sinais de desabastecimento de produtos como glifosato, acefato e outros”, comentou.
Para adubos, há um line up de navios “gigantesco”, cujos volumes estão para chegar no país, segundo Pessôa. “De uma forma geral, acho que a safrinha de milho vai passar sem maiores problemas (de fornecimento de fertilizantes). A lavoura de algodão é um desafio, porque usa muito, muito insumo”, alertou. “Para a safra de verão 2022/23, diria que teremos alguns problemas sim, de disponibilidade”, acrescentou.
Safra 2022/23
A alta dos preços de fertilizantes, defensivos e até de máquinas agrícolas deve inibir a expansão da área agrícola brasileira na safra 2022/23, disse o presidente da Agroconsult, André Pessôa. “Os custos de produção vão aumentar bastante e isso vai reduzir a velocidade de expansão da agricultura brasileira em 2022/23. Não veremos as áreas de soja, milho e algodão crescerem da mesma maneira que na safra 2021/22”, afirmou consultor. “Será um ano (a temporada 2022/23) de crescimento em área plantada, mas o ritmo de expansão será menor, pelo aumento do custo de produção”, reforçou.
Pessôa comentou, ainda, sobre a mudança no marco regulatório do biodiesel, que, a partir do ano que vem, será comercializado diretamente por empresas produtoras com distribuidoras de combustíveis, e não mais por meio de leilões.
“A volta do B13 e do B14 (das misturas do biodiesel no diesel na proporção de 13% e 14%, ao longo do ano) é uma excelente notícia, mas a mudança da regulação deve chamar a atenção do setor. A adaptação não é tão rápida”, ponderou. “Vai mexer um pouco com o jogo da soja. Faz dois anos que a soja é esmagada para atender primeiro à demanda de óleo; se fosse só para farelo, não seria necessário esmagar tanta soja como esmagamos hoje”, destacou.