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CONFIRA

RS: entidades do agro contabilizam prejuízos após enchentes

Na região, as maiores perdas recaíram sobre os produtores de leite e as lavouras de grãos, como trigo e milho

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Foto: Governo do Rio Grande do Sul

Duas semanas após a devastadora enchente que atingiu o Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, entidades e agricultores estão calculando os prejuízos e buscando medidas de socorro para os setores mais afetados. Na região, as maiores perdas recaíram sobre os produtores de leite e as lavouras de grãos, como trigo e milho, e campanhas estão em andamento para evitar que mais famílias abandonem suas atividades agrícolas.

O levantamento prévio realizado pela Emater estima perdas que ultrapassam R$ 1 bilhão no Vale do Taquari. No entanto, o setor do leite foi especialmente impactado, com propriedades que tiveram suas produções reduzidas para menos da metade do usual.

Jorge Dienstmann, produtor de leite em Estrela, relatou: “Na ocasião, perdemos em torno de 28% do rebanho, a maioria vacas em lactação, que corresponde a 25 animais. Além disso, perdemos silagem em 15 hectares, milho plantado e cerca de 30% das lavouras foram afetadas, além de insumos, rações e outros objetos. O que esperar? Arregaçar as mangas e tocar o barco.”

A Associação de Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) apontou que cerca de 500 mil litros de leite foram perdidos. Além disso, há preocupações com áreas produtoras de leite que não estão localizadas no Vale do Taquari. A Gadolando estima que cerca de 10 mil hectares de pastagem foram perdidos devido às chuvas, o que afeta a alimentação do gado e pode resultar em um aumento dos custos de produção.

Nacir Penz, vice-presidente financeiro da Gadolando/RS, destacou a preocupação com a disponibilidade de pastagens: “Por mais que o adubo seja aplicado, a recuperação das pastagens levará anos em percentual de giro.”

Como os anúncios feitos pelos governos estadual e federal têm priorizado a área urbana dos municípios afetados, os produtores decidiram se unir. Uma campanha denominada “Agricultor para Agricultor” está arrecadando fundos para que agricultores familiares possam reconstruir suas propriedades e adquirir insumos necessários para continuar com suas atividades. A iniciativa é conduzida pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do Estado (Fetag).

Carlos Joel, presidente da Fetag-RS, explicou: “Aqueles que têm hoje onde dormir, o que comer, que têm uma safra na propriedade sendo esperada e a gente sabe que nosso produtor tem bom coração, então ele vai ajudar. Primeiro, nós fizemos isso para a categoria, para que o produtor possa ajudar o colega produtor, mas que seja para os produtores. Essa campanha não é para a cidade. A cidade já recebeu bastante ajuda, então temos que levar ajuda ao meio rural.”

Além das campanhas, entidades estão trabalhando para que medidas como a suspensão da cobrança de crédito rural por 180 dias, anistia do custeio e investimento não amparado pelo Proago, renegociação de dívidas, linhas de crédito emergenciais e programas de reconstrução de moradias e estruturas de produção sejam implementadas. No entanto, para alguns agricultores, como José Luiz Mallmann, produtor de leite, os desafios parecem insuperáveis: “Uma tragédia nunca vista antes. Além disso, já tivemos duas estiagens consecutivas e, além de tudo isso, o preço [do leite] está muito ruim. É uma atividade que requer muita mão de obra e dá muito trabalho. A gente está decidido. Aos poucos, vamos encerrar a atividade.”

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