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Agricultura

Seminário debate importância da conservação do solo na produção agropecuária

A adoção de práticas ambientalmente adequadas contribui para a melhoria da sustentabilidade e resiliência dos sistemas de produção

Para aprofundar os debates sobre a necessidade de uso e manejo sustentáveis do solo como um dos fatores básicos da produção agropecuária, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou nesta segunda-feira (11) um seminário em comemoração ao Dia Nacional da Conservação do Solo, a ser celebrado no dia 15 deste mês.

Técnicos e pesquisadores do tema discutiram os principais desafios e as políticas públicas para o desenvolvimento rural sustentável. O seminário foi transmitido pelo canal do Youtube do Mapa.

A conservação do solo diz respeito a um conjunto de princípios e tecnologias agrícolas que visam o manejo correto das terras cultiváveis, mantendo sua qualidade física, química e biológica, para evitar a degradação. Quando o solo é utilizado adequadamente, além de garantir a produção de alimentos, fibra e energia, fornece serviços ambientais essenciais, como reservação de água, regulação do clima, conservação da biodiversidade, sequestro de carbono, entre outros, beneficiando toda a sociedade.

“O solo é, sem dúvida alguma, um dos recursos naturais mais importantes da humanidade, é base para a garantia da segurança alimentar e conservação da biodiversidade, além de grande reservatório de carbono. O Brasil lidera as políticas públicas estratégicas para promover, fomentar o manejo sustentável do solo”, destacou o ministro Marcos Montes, ao citar programas do Mapa como Pronasolos, Águas do Agro e ABC+.

A adoção de práticas ambientalmente adequadas contribui para a melhoria da sustentabilidade e resiliência dos sistemas de produção, pois diminui os riscos de perdas de solo por erosão, a lixiviação de nutrientes, e o consequente assoreamento e contaminação dos rios e cursos d’água.

Entre as principais práticas agropecuárias voltadas à conservação do solo estão o Sistema de Plantio Direto, o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), a rotação de culturas, a adubação orgânica, a adubação verde, a construção de terraços e curvas de nível e o plantio em faixas.

De acordo com o presidente da Embrapa, Celso Moretti, o Brasil armazena em seus solos 5% do carbono orgânico de todo o ecossistema terrestre, principalmente nos biomas Amazônico e Pampa, conforme o Mapa de Carbono dos Solos.

“Conservar os solos é contribuir para mitigar as mudanças climáticas e para reduzir os gases de efeito estufa. É importante lembrar que os solos são um dos maiores sumidouros de carbono do ecossistema terrestre. Se hoje já alimentamos 800 milhões de pessoas, preservando dois terços do território brasileiro e conhecendo apenas 5% dos solos brasileiros. Imagina o que poderemos fazer conhecendo 50% dos solos”, defendeu Moretti.

Maior programa de investigação do solo brasileiro, o Pronasolos reúne o conhecimento de mais de 30 instituições públicas e privadas com intuito de engajar a participação de outros setores da sociedade para cooperação neste desafio continental para uma melhor gestão dos solos do Brasil.

A partir do detalhado conhecimento sobre os solos sistematizados, o PronaSolos proporcionará aumento da usabilidade dos dados e informações, aprimorando a aplicação dos conhecimentos que estarão disponíveis em uma única plataforma tecnológica.

Para o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Paulo Alvim, o Pronasolos é exatamente uma ação concreta que vai além do discurso, caracterizando-se como um esforço no sentido de mostrar como fazer, fazendo. “As parcerias do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o Mapa são algo crescente. Hoje é um seminário de celebração e reconhecimento. Celebração, porque, quando falamos em conservação do solo, estamos falando da marca da produção agropecuária brasileira, que é a sustentabilidade”, disse.

O secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo, informou que está em estudo a realização de um seminário internacional, em setembro, para debater o tema que irá reunir representantes do Brasil, países da América Latina e Caribe. O evento será importante para mostrar o avanço das práticas conservacionistas do solo na região e servirá para o debate com outras nações e o IPCC. “A nossa prática é conservacionista e retém carbono. Agora, temos que ser remunerado por esse carbono que é retido no solo”.

Os representantes do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA),Gabriel Delgado, e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, também participaram do seminário. Eles ressaltaram as medidas já adotadas pelo Mapa e setor produtivo para a conservação e recuperação de solos.

O Dia Nacional da Conservação do Solo foi instituído em 1989, por iniciativa do Mapa. A data é uma homenagem ao pioneiro da conservação do solo, Hugh Hammond Bennett, e tem como objetivo promover a reflexão sobre a importância do solo para nossa sociedade, e a necessidade de sua conservação.

Organismos internacionais

Na manhã desta segunda-feira (11), o secretário Fernando Camargo reuniu-se com representantes de organismos internacionais, da academia e do setor privado, para discutir iniciativas multilaterais internacionais e políticas públicas voltadas para a conservação dos solos no Brasil.

Segundo o representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, Rafael Zavala, dada a sofisticação do setor agrícola, o Brasil deve ter as boas práticas para agricultura tropical promovidas e valorizadas.

Dentre os temas debatidos, destacam-se a necessidade de gerar oportunidades valorativas de ativos estratégicos como solos produtivos, mitigação da emissão de carbono e preservação dos recursos hídricos como forma de beneficiar países que preservam seus recursos e as oportunidades para a atuação conjunta em fóruns internacionais dos países praticantes da agricultura tropical, especialmente junto ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC); além da necessidade de aprimorar as parcerias público-privadas para projetos agrícolas sustentáveis.

Foto: Maria de Lourdes Mendonça dos Santos Brefin / Embrapa
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