Os números do mercado brasileiro de máquinas agrícolas continuam bastante positivos.
Segundo o membro do conselho deliberativo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão, o setor apresentou crescimento de 9,3% de janeiro a julho na comparação com o ano passado.
“Importante destacar que esta já é uma expansão em cima de fortes altas nos últimos anos, o que é muito positivo”, disse.
Estevão considerou, a partir de observações do mercado que o Plano Safra ficou aquém da necessidade.
“O dinheiro já acabou. Os juros de outros tipos de financiamento não são tão atraentes”.
No Banco do Brasil, segundo ele, ficam entre 11% e 13%, superando estes níveis em instituições privadas.
“Achamos que até outubro ainda teremos uma demanda grande, mas entre novembro e o primeiro semestre do ano que vem, estamos mais cautelosos, pois os agricultores também estão mais cautelosos”, ele explica que a tendência de longo prazo é de queda dos juros, o que faz com que o produtor pense se não é mais vantajoso esperar para comprar futuramente.
De qualquer maneira, o aumento da área de soja para a próxima safra vai obrigar o produtor renovar seu maquinário, mantendo o mercado aquecido no período de preparação.
“Para a safrinha de milho do ano que vem, a partir de fevereiro, teremos que ver quais serão as condições de mercado. Por enquanto, nossa previsão é de um bom fechamento para este ano”, salientou.
Eleições
Presente na Expointer, feira agrícola realizada em Esteio (RS), Estevão disse que a Abimaq está “vendo o pulso do mercado ao vivo” e que há uma parcela dos produtores que vê as eleições com maior receio.
Para a entidade, no entanto, as eleições não são uma preocupação. “A maioria [dos produtores] vai tocar a vida seja qual for o governo. Somos grandes exportadores de alimentos e isso não vai mudar no curto prazo.
Guerra, abastecimento e recessão
Citando dados da FAO, órgão das Nações Unidas para a alimentação, e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, Estevão disse que o Brasil deve aumentar suas exportações de grãos, carnes e lácteos de 30% a 40% nos próximos dez anos. “Estamos nessa trajetória de aumento de área para fazer frente ao aumento populacional e ao maior consumo na Ásia. Ainda não se consegue mensurar o quanto desse aumento é de mercado, natural, e o quanto é por causa da guerra na Ucrânia”, disse.
Conforme a diretora de comércio exterior da Abimaq, Patrícia Gomes, a maior preocupação do setor em torno da guerra é o impacto sobre a Europa, somado à desaceleração da economia estadunidense, o que afeta a dinâmica das economias.
Importações e exportações de máquinas
As importações da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) totalizaram US$ 13,631 bilhões de janeiro a julho, alta de 11% ano a ano.
No mês de julho, foram 1,97 bilhão, alta de 5,1% mês a mês e de 9,1% em relação a julho do ano passado.
A alta mensal vem após um recuo de 8,8% em junho.
Segundo a Abimaq, o ano de 2022 vem registrados fortes oscilações nos investimentos, tanto a partir de bens produzidos localmente, como importados.
Especificamente para máquinas agrícolas, o crescimento das importações no acumulado do ano foi de 55,4%. Em julho, ante junho, houve queda de 9%. O setor respondeu por 5,3% das importações da Abimaq.
As principais origens das importações totais são a China, com 25,9% em 2021, os Estados Unidos, com 17,7%, e a Alemanha, com 11,2%. Em 2007, o país asiático respondia por 6,9%, o norte-americano, por 22,4% e o europeu, 19%.
Conforme a Abimaq, no período de janeiro a julho de 2022, as importações oriundas da China cresceram 13,4%. As importações máquinas dos EUA cresceram 9,3% e as vindas da Alemanha, recuaram 5,3%.
Já as exportações totalizaram US$ 6,625 bilhões de janeiro a julho. Isso representa um crescimento de 28,2% em relação ao mesmo período de 2021 e é o equivalente a 20% da receita total do setor.
Especificamente para máquinas agrícolas, o crescimento das exportações no período foi de 46,8%. Em julho, ante junho, a alta foi de 3%. O setor respondeu por 17% das exportações da Abimaq.