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Agricultura

Sucessão familiar em assentamentos indica futuro promissor

No assentamento Pip-Nuck, localizado no município de Nova Venécia (ES), a entrega do Título de Domínio (TD) aos beneficiários aptos a receberem o documento facilitou uma condução sem percalços na sucessão familiar de agricultores para seus filhos e netos

O processo de transição, de uma geração para outra, quanto ao uso e propriedade de terras em áreas de reforma agrária tem sido observado com maior frequência nos últimos anos no Espírito Santo. No assentamento Pip-Nuck, localizado no município de Nova Venécia, a entrega do Título de Domínio (TD) aos beneficiários aptos a receberem o documento facilitou uma condução sem percalços na sucessão familiar de agricultores para seus filhos e netos.

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É o caso de Maria Silene e Pedro Posse, moradores da área criada em 1987, com 50 famílias. Aos poucos, o casal começou a delegar as tarefas no trabalho diário e a gestão do lote para a filha Regiane e o genro Geandro Bressale e, desde o ano passado, a maioria das atividades passou a ser conduzida pela nova geração. Com o ritmo de trabalho estabelecido pelos jovens, meses atrás foram plantados, em um período de apenas dois dias, 700 pés de pimenta-do-reino no lote.

De acordo com informações pelo Incra, em setembro, com a renovação da lavoura quase concluída, alcançaram a marca de 18 mil pés de café cultivados. A estimativa para 2024, no ápice da produção, é chegar a uma colheita entre 450 e 500 sacas do produto pilado (beneficiado) – o que nos valores atuais de mercado seria algo em torno de R$ 324 mil, considerando uma produção maior.

Com apenas 1,5 mil pés de café em franca produção, em 2022 produziram 54 sacas piladas, rendendo à família  R$ 38,8 mil. Já a pimenta, no primeiro ano deve gerar uns 50 quilos do produto seco, enquanto no terceiro ano a expectativa é obter cerca de 800 quilos; o que significa dizer que devem ganhar uma renda extra de aproximadamente R$ 100 mil.

Além disso, para suprir algumas despesas e o consumo da família, são exploradas atividades como a criação de porcos, sendo um macho e quatro fêmeas, e cerca de 20 galinhas. Também trabalham com piscicultura, com espécies como tilápia, traíra, tambaqui, tucunaré, pintado e bagre africano distribuídas em quatro poços.

Na bovinocultura, com seis vacas (sendo duas em lactação), em época de boa produção, chegam a entregar 30 litros/dia a um laticínio da região, com renda média mensal de R$ 1,8 mil. Na baixa produção, o leite é destinado mais ao consumo próprio e dos bezerros e o soro serve de suplementação alimentar dos porcos.

Maria Silene e Pedro contam com o apoio da filha Regiane e do genro Geandro que, desde 2021, administram o lote da família. Foto: Incra/ES

Habilitação

O sucesso da família pode ser observado pela qualidade das casas construídas na propriedade, com recursos próprios. Em 2016, a filha e o genro dos beneficiários titulares edificaram uma moradia avaliada em R$ 100 mil. Em 2020, foi a vez do casal Maria Silene e Pedro Posse construir também sua nova casa, investindo algo em torno de R$ 70 mil.

Desta forma, a primeira habitação erguida no lote a partir da destinação de recursos federais entre 1989 e 2007 referentes ao Crédito Instalação, executado pelo Incra, foi transformada em um espaçoso paiol para guarda de material e ferramentas de trabalho, bem como de acondicionamento inicial da colheita.

Em relação à emissão do documento de propriedade do lote (titulação), o casal assentado reafirma a intenção de permanecer no assentamento até o final da vida, enquanto a filha e o genro dos beneficiários estão satisfeitos com a possibilidade de assegurar o futuro da filha deles também.

Para o superintendente regional do Incra/ES, Fabrício Fardin, essa sucessão familiar realizada de maneira natural é um avanço trazido pela emissão do Título de Domínio (TD) aos assentados: “Com o documento em mãos, um dos direitos garantidos às famílias é justamente a transição de propriedade de pais para filhos dos referidos lotes”, defende.

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