Levantamento da 360 Research & Reports mostra que o mercado global de agricultura digital deve crescer 183% até 2026, com previsão de movimentar cerca de US$ 8,3 bilhões.
Com isso, à medida que 2025 se aproxima, três inovações se destacam como tendências que prometem moldar o futuro da agricultura:
- Tokenização de commodities;
- Compras e pagamentos on-line de insumos agrícolas; e
- Sistemas de monitoramento remoto de máquinas agrícolas, principalmente as de menor porte, destinadas à agricultura familiar.
Tokenização de commodities
A tokenização é uma inovação que está ganhando destaque no mercado agrícola. Através da tecnologia blockchain, commodities como soja, milho, café, trigo, cana-de-açúcar e outros podem ser transformadas em moedas digitais.
Assim, produtores podem ter acesso a uma negociação mais ágil, simples e segura, além de maior liquidez.
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Para se ter uma ideia, estima-se que a tokenização de ativos em vários mercados cresça de forma significativa em todo o mundo, alcançando um mercado de aproximadamente US$ 10 trilhões até 2030, conforme análises da consultoria global Roland Berger.
O volume representa um aumento expressivo em relação ao valor atual de aproximadamente US$ 300 bilhões desse mercado.
De acordo com o CEO da Agrotoken, Eduardo Astrada, a adoção de novas tecnologias no agronegócio deixou de ser apenas uma vantagem competitiva para se tornar uma exigência no mercado global.
“Iniciativas como a tokenização de commodities via blockchain representam um marco, permitindo que produtores de todos os tamanhos acessem mercados mais amplos com maior segurança, transparência e agilidade”.
Segundo ele, essas inovações oferecem às indústrias a possibilidade de introduzir soluções como o barter digital, criando novas formas de pagamento para seus clientes.
“O blockchain garante rastreabilidade, imutabilidade e confiabilidade nos processos, trazendo benefícios únicos para toda a cadeia. O diferencial está em integrar essas tecnologias às necessidades reais dos produtores, garantindo que sejam acessíveis e adaptadas às condições locais. Isso fortalece não apenas a produção, mas toda a cadeia do agronegócio”, afirma.
Compras e pagamentos online de insumos
Com a digitalização do setor agro, crescem as compras e os pagamentos online de insumos agrícolas. A facilidade de adquirir produtos como fertilizantes, defensivos e sementes pela internet oferece aos produtores a possibilidade de reduzir os custos operacionais.
Dados da McKinsey na pesquisa “A mente do agricultor brasileiro 2024”, revelam que 71% dos produtores rurais já utilizam plataformas online em suas jornadas de compra.
No Brasil, plataformas digitais, como Orbia, AgroGalaxy e Solinftec, por exemplo, já oferecem soluções que integram o processo de compra, pagamento e entrega de insumos. A expectativa é que a adesão a essas tecnologias cresça no próximo ano, à medida que os agricultores busquem soluções para otimizar a cadeia de suprimentos e a gestão financeira.
“Os produtores estão cada vez mais buscando soluções tecnológicas para otimizar as atividades também ‘fora da porteira’, como é o caso da possibilidade de comprar e pagar pelos insumos pela internet. Essa busca por novas tecnologias é impulsionada por diversos fatores, como a necessidade de reduzir custos, uma vez que as plataformas online permitem que os produtores comparem preços de diferentes fornecedores em tempo real, o que além de economia, também garante mais agilidade no processo”, destaca o CEO da Orbia, Ivan Moreno.
Monitoramento de máquinas para agricultura familiar
O monitoramento remoto de máquinas agrícolas, aliado à agricultura de precisão, também tem sido uma tendência que cresce rapidamente no Brasil e no mundo e que deve perdurar em 2025.
Sensores e sistemas de rastreamento com comunicação via GPRS e GPS oferecem aos produtores, principalmente os de pequeno e médio porte, também a possibilidade de acompanhar em tempo real o desempenho de suas máquinas, prevenindo falhas e otimizando o uso de recursos como combustível e tempo.
De acordo com um estudo conduzido pela pesquisadora Maira de Souza Regis, da Universidade de Brasília (UnB), mais de 95% dos produtores rurais utilizam algum tipo de tecnologia digital em suas propriedades. Apesar da alta adesão, o avanço mais robusto dessas ferramentas é dificultado pela conectividade precária no campo.
O levantamento mostra que o uso de softwares e aplicativos de gestão é maior no Centro-Oeste, adotado por 80% dos produtores, enquanto no Nordeste, essa porcentagem é de apenas 41%.
Nesse contexto, de acordo com o gerente de pós-vendas da Yanmar South America, sistemas de monitoramento mais acessíveis e aplicáveis em modelos de máquinas de menor porte, a exemplo de tratores com somente 26 cavalos de potência, já começam a dar as caras no mercado.