Uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e de instituições parceiras identificaram uma ameaça significativa de diversidade genética em plantas jovens de mogno (Swietenia macrophylla), fragilizando a sobrevivência da espécie.
Reconhecida como madeira nobre, devido a facilidade de ser trabalhada e resistência, o mogno é utilizado na fabricação de móveis, instrumentos musicais, construção civil, indústria naval entre outras muitas.
Encontrada em poucos estados brasileiros e de alto valor comercial, o mogno está na lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, na categoria vulnerável, devido à exploração indiscriminada restam apenas 20% dos estoques iniciais dessa madeira na América do Sul.
A pesquisa confirma a vulnerabilidade dessa espécie florestal, muito valorizada no mercado brasileiro de madeiras, necessitando de novas estratégias para melhorar o trabalho de manejo e garantir a sua conservação.
Uma das autoras do estudo e pesquisadora da Embrapa Tatiana de Campos, explica que a extração do DNA da planta, associada ao uso de marcadores moleculares, permite identificar informações genéticas entre indivíduos da mesma espécie. Os dados apontam para ocorrência de endogamia entre as plantas juvenis, problema que consiste no cruzamento entre indivíduos aparentados.
“Identificamos a paternidade das plantas juvenis e os níveis da taxa de fecundação cruzada. Além da perda de diversidade genética, no material avaliado constatamos a presença de endogamia, problema também conhecido como consanguinidade, que evidencia a reprodução entre indivíduos geneticamente semelhantes. Esses fatores mostram uma redução na presença de alelos, ou seja, na capacidade de transmissão de informações genéticas no processo de reprodução natural do mogno, aspecto que fragiliza a sobrevivência da espécie”, enfatiza a pesquisadora.
Tatiana ainda destaca a importância das pesquisas com uso de técnicas moleculares para detectar outras anomalias na dinâmica de reprodução de plantas, como as mutações genéticas, que podem colocar as espécies em risco. “No caso do mogno, conhecer a variabilidade genética da espécie é primordial para a definição e adoção de diretrizes mais eficazes para a sua conservação”, diz.