Os dados são do primeiro relatório Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, lançado, nessa quinta, dia 26, pela Agência Nacional e Águas (ANA), analisando a situação de todas as bacias hidrográficas brasileiras.
De um modo geral, a qualidade das águas no país é boa: 9% foram consideradas ótimas e 70%, boas, com a ressalva que boa parte dos rios do Centro-Oeste, Norte e sertão do Nordeste não foi avaliada.
Ainda assim, 7% das águas foram consideradas péssimas ou ruins e 14% apenas regular. Esses rios concentram-se nas áreas mais povoadas do país, caso da bacia do Alto Tietê e dos rios Gravataí e Sinos, que atendem a região metropolitana de Porto Alegre (RS).
? São situações reversíveis, mas o caso é que, apesar de haver algum tratamento do esgoto despejado nessas águas, não é uma prática universal. Seria necessário muito mais investimento ? afirmou João Conejo, superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos da ANA.
Mais de 70% do líquido está na região amazônica
Atualmente, apenas 47% da população tem seu esgoto coletado. Desses, 53% são jogados nos rios sem tratamento, contribuindo para a poluição. As zonas metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Vitória são as que estão em situação mais preocupante.
? No Estado de São Paulo, a situação é bem razoável, mas o problema do Tietê, por exemplo, quase não tem dinheiro que consiga resolver. É o preço altíssimo que a população de São Paulo paga ? disse Conejo.
Outra medida de qualidade é o índice de crescimento de águas e outras plantas aquáticas. Em casos de águas com muita poluição causada por esgoto não tratado, aumenta o número de nutrientes que causam crescimento excessivo dessas plantas.
Nesse caso, quase 30% das águas estão comprometidas, sendo 7% tão comprometidas a ponto de haver mortandade de peixes. No caso de açudes, reservatórios e lagoas, 45% dos pontos avaliados estão no nível mais alto de comprometimento.
O relatório revela, ainda, que, apesar da imensa quantidade de água potável disponível no país, a distribuição é irregular e o excesso de uso de algumas bacias é preocupante. Mais de 70% da água brasileira está na região amazônica. É aí que está a melhor situação do país, com todos os rios podendo atender, sem problemas, a demanda por água da população local.
A Bacia do São Francisco requer cuidado, já que 44% estão em situação difícil. O superintendente explicou que o Rio São Francisco tem muita água, mas as recebe basicamente nas cabeceiras, em Minas Gerais. Os rios da bacia no sertão nordestino são todos afluentes com pouca água, que secam. Daí a defesa da transposição do rio.