Sojicultores estão cautelosos com preço e clima; Expedição Soja Brasil acompanhou o desenvolvimento da safra no sudoeste do Estado
Fernanda Farias | Ponta Porã e Naviraí (MS)
Os agricultores de Mato Grosso do Sul estão cautelosos na hora de fechar negócio. Em todo o país, apenas 20% da produção já foi comercializada até agora. No Estado, o índice é ainda menor: 12% comercializado até agora no quinto maior produtor da oleaginosa do Brasil. Nesse mesmo período de 2013, as vendas chegavam a 40%.
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O diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), Lucas Galvan, avalia que este é um movimento natural do sojicultor, principalmente em um período com forte especulação e queda nos preços. Além da possibilidade de safra recorde no Brasil e nos Estados Unidos.
– O atraso no plantio e as perspectivas não muito boas em relação aos preços. Os produtores optaram por segurar e permanecer na estratégia de esperar evoluir a safra. É uma estratégia cautelosa por parte do produtor, muito em função de como vai ser o clima daqui pra frente, se vamos conseguir cumprir o calendário de plantio – explica.
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O produtor Edemilson Vicenzi é um desses produtores cautelosos. O que ele vendeu foi negociado no início de setembro. Agora, ele aguarda nova alta nos preços para fechar o restante.
– Diante da média, a gente conseguiu 50%. Vendemos bem cedo, mas nos últimos dias não fizemos nenhum negócio – afirma Vicenzi.
Produtores de Ponta Porã temem perder segunda safra de milho
O conselho do presidente do Sindicato Rural de Ponta Porã, Jean Pierre Paes Martins, é para que os produtores da região concentrem forças na soja, sem pensar na segunda safra de milho. Pelo menos por enquanto.
– Como aqui na região nós sofremos com a geada, temos que plantar o mais cedo possível para livrar o milho safrinha da geada. O produtor tem que estar preocupado com o plantio da soja. A safrinha será um segundo projeto, uma nova avaliação dessa lavoura de soja, como vai ser a produtividade de grãos, para depois poder entrar e fazer um trabalho em cima da safrinha – orienta.
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O município, que está a 320 km de Campo Grande, já plantou metade dos 150 mil hectares estimados. No entanto, as lavouras estão prejudicadas. O produtor Miguel Dorneles é um exemplo, a produtividade dele caiu cerca de 10%.
– Se a chuva não regularizar, vai ter perda. Está bem complicado. Nos outros anos, a gente já tinha plantado tudo, neste ano vamos entrar novembro plantado – projeta Dorneles.
Naviraí apresenta bom desenvolvimento
Por outro lado, o cultivo já está bastante avançado em Naviraí, onde 60% das lavouras já foram semeadas. Visitamos a lavoura do sojicultor Nelson Antonini, que é um exemplo de que a soja está se desenvolvendo bem. Numa área de 150 hectares, o produtor investiu na irrigação para garantir a produtividade.
– Quando estava muito calor, a cada três noites a gente irrigava em uma. Está em boas condições. Nós esperamos 65 sacas (por hectare) – comenta.
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Para quem planta na região há 26 anos, como é o caso de Antonini, este outubro foi o mais quente que já enfrentou. A torcida dele é pela chuva, para que a soja, que tem 45 dias e está florescendo, continue se desenvolvendo.
– Está cedo para fazer avaliação. Hoje está em boas condições, se não falta chuva, vai ser um ano de safra cheia, não tenho perca ainda – afirma.
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Acompanhe o trajeto da Equipe 1 da Expedição Soja Brasil: