– Como está chovendo bastante na cabeceira do rio, ele está chegando mais cedo. Assim, ele acaba prejudicando a continuação do cultivo deste feijão. Se, por ventura, esse rio atrasasse um pouco mais e houvesse chuvas suficientes para esse feijão se desenvolver, com certeza, nós teríamos uma produção interessante, que ajudaria os produtores a ter uma rentabilidade razoável para o ano – explica.
O produtor rural Ailton César Gil de Brito relata que, como as chuvas não foram suficientes para que a plantação fosse feita na área mais alta, os agricultores optaram pelo risco de cultivar nas vazantes às margens do rio.
– A questão das chuvas aqui está difícil mesmo. Elas demoraram e só restou a vazante mesmo para o feijão brotar – lamenta.
O também agricultor Maurílio Guedes da Silva aponta que a expectativa de cheia do São Francisco era para o final do mês de fevereiro.
– A gente esperava que ele viesse de fevereiro para março. A gente não esperava que ele chegasse neste momento. Então, nos pegou de surpresa. Está chovendo muito em Minas Gerais e nós estamos sendo prejudicados também. O prejuízo é grande. A economia de Bem Bom está embaixo d’água, não tem mais – afirma.
Silva acrescenta que a velocidade com que as águas avançam é cada vez maior e já atrapalha a alimentação dos animais.
– O rio está encobrindo muito rápido. Os animais não estão dando conta de aproveitar os alimentos que estão em cima da terra. E até nisso vai prejudicar os criadores, que não têm alguém para nos ensinar a fazer a silagem – relata.
Mais de 100 produtores familiares dependem das plantações de feijão e milho às margens do rio. Eles temem falta de assistência após a perda das lavouras, em função de a localidade ser de difícil acesso.
– Não tem apoio de autoridades. Nós estamos aqui parados e queremos saber o que fazer para aproveitar os alimentos que vão ser perdidos com água – aponta Silva.
Em nota, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) se comprometeu a tomar medidas emergenciais de auxílio à população de Bem Bom. E afirma ter mobilizado “imediatamente técnicos da sua equipe, para realizar o levantamento sobre a situação real de perda da safra; buscar, em conjunto com os produtores da localidade, soluções adequadas ao problema, considerando a característica peculiar da comunidade; fazer a distribuição, imediata de sementes de feijão e milho para que os agricultores familiares possam realizar o replantio; elaborar um novo projeto de produção de grãos, orientando, principalmente, como escolher o melhor local para a produção de grãos buscando, assim, evitar que o problema apresentado se repita em outras safras; assumir o compromisso de intensificar as ações de Ater, na comunidade e apresentar novas tecnologias acessíveis à agricultura familiar visando melhorar a produção/produtividade local, a exemplo da utilização de sistemas de irrigações (gotejamento e com garrafas PET)”.
Confira a localização do município de Casa Nova (BA):
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