Alberto Broch é reeleito presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

Entre as prioridades do novo mandato estão a aceleração do processo da reforma agrária e a defesa por uma agricultura familiar mais sustentávelAlberto Broch foi reeleito presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) nesta sexta, dia 8. Dois mil e quinhentos trabalhadores rurais foram às urnas para escolher a nova diretoria da confederação. Entre os desafios previstos para o próximo mandato, estão a aceleração no andamento da reforma agrária e a busca por políticas públicas que garantam melhorias na produção e na qualidade de vida dos agricultores. À frente da entidade há quatro anos, o presidente destaca

– Nesses quatro anos nós fizemos uma das maiores marchas da América Latina, que foi a Marcha das Margaridas. Colocamos mais de 100 mil mulheres em Brasília para pautar o Estado, o governo brasileiro e a sociedade pela visibilidade da mulher no campo, no que ela produz, no que ela está integrada no mercado e a dupla jornada que ela tem ao cuidar também da família, dos filhos e das questões domésticas – destaca.

O agricultor Antônio Soares Guimarães, de Fortaleza (CE), aponta que a agricultura familiar ganhou seu espaço no país e que está mais forte. Segundo ele, no entanto, ainda é preciso avançar em alguns pontos para qualificar e aumentar a produtividade.

– Eu estou falando da reforma agrária. Nós precisamos que a reforma agrária avance também no sentido de que a agricultura familiar tenha um maior espaço e garanta mais alimento – afirma o agricultor.

Além de tentar acelerar o processo da reforma agrária, o presidente defende a necessidade de melhorar os assentamentos já existentes. Outra prioridade é tornar a agricultura familiar mais sustentável.

– Queremos pautar o governo sobre a necessidade de que a Embrapa produza conhecimento e tecnologia para a agricultura familiar, principalmente tecnologias de mais sustentabilidade para que possamos ter um padrão de desenvolvimento com menos agroquímicos, com menos veneno – aponta Broch.

A nova posse do presidente está marcada para o dia 26 de abril na sede da Contag, em Brasília (DF). A chapa eleita é composta por 38 pessoas, sendo 13 na diretoria executiva.

Agricultura familiar

Na quinta, dia 7, durante o 11º Congresso Nacional da Contag, a categoria aprovou um documento com propostas de alterações na Lei 11.326/2006, que define regras para o enquadramento sindical dos agricultores familiares. Trabalhadores rurais irão defender no Congresso Nacional a revisão do atual texto da legislação, defendendo sua insuficiência para nortear as políticas públicas para o segmento.

A alteração defendida pelos sindicalista prevê que também que passe a ser considerado trabalhador rural quem tem imóvel de até quatro módulos fiscais e contrate mão de obra assalariada por até 120 pessoas dias/ano. O documento com a proposta de mudança foi aprovado, na quinta, dia 7, no 11º Congresso Nacional da Contag.

O novo critério defendido pelos trabalhadores rurais já é aplicado para fins previdenciários. Eles querem que também seja adotado para acesso aos recursos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf).

A lei em questão impõe critérios para classificar as propriedades rurais e definir o perfil do agricultor familiar. A redação atual, considera, entre outros critérios, como agricultor familiar quem utiliza predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas e não tem imóvel rural com área maior do que quatro módulos fiscais – área mínima necessária a uma propriedade rural para que sua exploração seja economicamente viável.

Os trabalhadores rurais também defenderam mudanças no modelo agrícola do país. Eles querem mais acesso à terra, que a Embrapa disponibilize mais assistência técnica e alterações na área do crédito fundiário. Na terça, dia 5, a presidente Dilma Roussef participou da abertura do congresso da Contag e prometeu acelerar a reforma agrária no país.

Antes, eles rejeitaram a proposta de fazer parcerias com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), com a Via Campesina e outros movimentos. Eles defenderam o fortalecimento da atividade do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR).

Homenagem às mulheres

No congresso da Contag, camponesas leram uma carta em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta. No texto, elas enfatizaram que as mulheres “saíram da invisibilidade, da dependência de seus maridos” e hoje lutam em conjunto contra a pobreza, a fome e a violência. O documento destaca ainda a luta das camponesas “pela reforma agrária, pelo acesso à água e pela qualidade dos alimentos”.

Para Alessandra Lunas, vice-presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag),a força da Marcha das Margaridas é “uma mostra de que tudo pode ser diferente, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. A marcha é conhecida também no resto do mundo porque a violência transcende nossas fronteiras”, disse, lembrando que ainda há lugares onde as mulheres nem mesmo podem mostrar o rosto.

Alessandra Lunas ressaltou que as mulheres reivindicam mais igualdade com os homens no movimento sindical, em que precisam ser mais representadas, pois “quando acontece de uma mulher estar à frente de negociações os resultados são bem melhores”. Para a vice-presidenta da Contag, “lugar da mulher é na política e onde quiser estar”.

Carmen Ferreira, da Comissão Nacional da Contag e integrante da Central Única dos Trabalhadores (Cut), declarou que “o machismo e o patriarcado não estão escritos em lugar nenhum [como lei], mas, na prática, ele existe”. Por isso, segundo ela, “a mulher tem que estar sempre pronta a enfrentar a violência e a desigualdade, ao mesmo tempo em que aspira participar da construção de um novo modelo de desenvolvimento para o país”.

O presidente da Contag, Alberto Broch elogiou a participação das mulheres na entidade e lembrou que elas “são metade da população brasileira e são mães ou irmãs da outra metade”.

Clique aqui para ver o vídeo