Influenciadas pela perspectiva de um balanço mais folgado, levando a robustos estoques de passagem, as cotações na Bolsa de Nova York, chegaram a atingir US¢ 57,82, antes de apresentarem leve recuperação.
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A trajetória dos preços da pluma no primeiro trimestre de 2020 ainda é obscura, diante das incertezas que orbitam a demanda para o próximo ciclo. Neste sentido, as condições e da fitoclimáticas nos Estados Unidos e a guerra comercial ditarão o tom das cotações da pluma em NY.
O quadro climático durante o inverno no norte garantirá os primeiros indícios acerca do plantio da safra 2020/2021, dando alguma definição às condições fitoclimáticas durante a primavera. A perspectiva do Administração Nacional Oceânica e Atmosférica é uma instituição governamental que faz parte do Departamento de Comércio dos Estados Unidos (NOAA) dos EUA para a temporada envolve temperaturas mais elevadas no cinturão de algodão até fevereiro, com previsão de menor precipitação entre o Texas e a base do delta do Mississippi.
Uma conjuntura mais quente pode levar a um acúmulo inferior de neve, necessária para manutenção da umidade do solo antes do início das chuvas na primavera, quando o plantio da safra nos EUA começa.
Além de analisarem as condições climáticas, os cotonicultores considerarão a conjuntura dos preços internacionais para tomarem suas decisões de plantio do ciclo 2020 e 2021. O algodão se caracteriza como uma cultura de elevados custos de produção, tornando necessário um certo patamar de preços para que cada produtor opte por dedicar área à pluma, em especial em regiões nas quais há a possibilidade de optar por lavouras competidoras.
No delta se destacam os grãos, enquanto na Georgia, os agricultores podem migrar para o amendoim em anos de cotações mais baixas. Ante o pano de fundo da guerra comercial, as primeiras projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unido USDA para a temporada de 2020 indicam uma retração de 12,8% da área plantada de algodão, considerando a variedade.
A contração para 29,15 milhões de hectares, frente aos 33,45 milhões de ha do ano anterior, decorre principalmente das incertezas que atualmente permeiam o mercado, impactando os preços.
As projeções do USDA indicam que o avanço de 2,6% da produção mundial em 19/20 não será acompanhado
por um aquecimento da demanda em ritmo similar. A despeito das estimativas atuais do Departamento sinalizarem maiores importações dos países do sudeste asiático, restam dúvidas acerca da concretização da demanda.
Desde o início da temporada atual, em agosto, observou-se uma retração das compras chinesas no comparativo anual. De acordo com dados oficiais, os volumes internalizados pela China no acumulado até outubro se mostraram 40% inferiores a 2018/2019.
Os últimos números da Associação de Algodão da China também apontam para importações, queda de 3% e consumo, baixa de 1% no ano-safra corrente.
Balanço final
A conjuntura, deste modo, se mostra favorável às exportações brasileiras no próximo ciclo. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê um aquecimento de 43% dos carregamentos em 2019/2020, atingindo 2 milhões de toneladas, o que, aliado ao consumo doméstico de 720 mil t, devem corroborar para direcionamento da produção brasileira em sua totalidade, atualmente estimada em 2,73 milhões de toneladas.