A cadeia produtiva do algodão é uma das que mais empregam no Brasil, perdendo apenas para a construção civil. Mesmo com a crise econômica no país, a indústria têxtil do país aumentou o consumo da fibra no ano passado. O produto serviu principalmente para a confecção de fios e tecidos destinados à exportação. A importância do segmento e as barreiras para que a produção continue crescendo foram assuntos debatidos no 11º Congresso Brasileiro do Algodão, que terminou nesta sexta-feira, dia 1º, em Maceió (AL).
Entre os maiores desafios do setor está o manejo correto das plantas daninhas na lavoura. O pesquisador Rodrigo Valeriano, da Dow Brasil, chama atenção para invasoras como buva e capim-amargoso. “Nos últimos três anos, a gente pode considerar que o crescimento da presença dessas espécies no Cerrado foi muito significante”.
Para o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Milton Garbugio, a expectativa do agricultor é que surjam variedades de algodão mais resistentes à seca. “Um grande limitante de produção o estresse hídrico, e nosso desafio é trazer essa tecnologia, de plantas mais resistentes a isso”, diz.
Já as empresas de sementes preparam nos próximos três anos o lançamento de plantas menos suscetíveis a doenças que atacam a cultura. O presidente da TMG, Francisco José Soares Neto, por exemplo, afirma que o foco da companhia é a melhoria do gene de resistência à ramulária. “Genes resistentes a nematoides também são importantes para o agricultor”.
O líder de Negócios de Algodão da Monsanto, Márcio Boralli, por sua vez, afirma que a empresa vai buscar em outros países tecnologias que devem ajudar o desenvolvimento da cultura no Brasil. “Nós estamos trazendo variedades dos Estados Unidos e também da Austrália”, conta.
O Brasil é um grande exportador de algodão, tanto em produto como em tecnologia. Essa experiência está sendo dividida com a países da África, para os quais o Brasil é uma grande referência na cultura. Um grupo de africanos que veio ao congresso vai levar na bagagem experiências de sucesso daqui. O pesquisador de algodão de Moçambique Manuel Pedro Maleia conta que, em seu país, mais de 90% da produção de algodão é feita por pequenos produtores, com área inferior a 1 hectare. “Dizem que para você chegar longe tem que subir nos ombros do gigante, e o Brasil é o gigante na produção de algodão”.